Santos retorna à fronteira com Venezuela, que continua recebendo colombianos

  • Por Agencia EFE
  • 29/08/2015 23h18

Bogotá, 29 ago (EFE).- O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, retornou neste sábado à fronteira com a Venezuela, parcialmente fechada há dez dias, para prometer a seus compatriotas que trabalhará sem descanso para atender sua chegada, que continua sendo contínua em outros pontos da região.

Em sua segunda visita à cidade de Cúcuta desde que explodiu a crise fronteiriça, Santos garantiu que seu governo trabalhará “24 horas por dia, sete dias por semana” para atender aos milhares de colombianos que cruzam a faixa vindos do país vizinho por causa da ordem do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, de fechar parte da fronteira.

Segundo o último balanço oficial da União Nacional de Gestão de Risco de Desastres (UNGRD), ao qual a Agência Efe teve acesso, nos últimos dez dias 1.097 pessoas foram deportadas pela Venezuela e outras 7.162 deixaram voluntariamente o país vizinho por medo de ter o mesmo destino.

“Toda a atividade do governo, toda a atividade do Estado vai depender de vocês para que tenham a oportunidade de refazer suas vidas da melhor forma possível”, afirmou Santos, que lembrou aos recém chegados, aos quais visitou em um albergue na cidade de Villa del Rosario, que “não estão sozinhos”.

Sua visita aconteceu no mesmo dia no qual quatro municípios do estado fronteiriço venezuelano de Táchira começaram o estado de exceção, que na sexta-feira Maduro anunciou, enviando também 3.000 militares para a região para, afirmou, lutar contra o paramilitarismo e o contrabando.

Estas localidades, que funcionam como pontos de cruzamento alternativos para as passagens internacionais importantes, se unem aos seis municípios nos quais está restringida a circulação fronteiriça desde o dia 21 de agosto.

Com o estado de exceção ampliado, toda a fronteira com a Colômbia ao longo do estado de Táchira permanecerá fechada, o que representa perto de 160 quilômetros de fronteira dos 2.219 quilômetros totais entre ambos os países.

Diante desta nova situação, muitos colombianos residentes nos arredores destes quatro municípios decidiram fazer o retorno para seu país com medo de serem deportados.

É o caso de Arleny Nieto, colombiana de 27 anos que recorreu a um cruzamento ilegal para abandonar o país no qual residiu durante oito anos e no qual formou uma família.

O medo, contou à Efe, foi o que fez ela sair precipitadamente de sua casa na cidade do Boca del Grita, em Táchira, ao ver aparecer dois tanques com soldados venezuelanos.

“Decidimos sair antes que nos fossem nos tirar à força ou nos machucar e nos tirar as crianças”, lembrou esta colombiana, que pegou seus dois filhos de cinco e três anos e foi para a Colômbia, deixando para trás seu marido, venezuelano, que decidiu ficar na casa para evitar que fosse derrubada, tal e como ocorreu em outros municípios fronteiriços.

Ela saiu “junto com outras 150 famílias” que entraram em Puerto Santander, cidade em território colombiano, próxima a Cúcuta, através de um complexo caminho que incluiu a canoa como transporte.

Não é esta a única região na qual estão se repetindo as imagens de êxodo vividas nos últimos dias entre San Antonio e Cúcuta, já que, segundo Santos, pelo menos 50 colombianos entraram no país pelo posto migratório de Paraguachón (La Guajira).

Para lá se deslocará neste domingo um grupo de funcionários para atendê-los, explicou o presidente, que insistiu que seu governo receberá todos “como merecem, de braços abertos, com o coração aberto”.

Junto a Paraguachón, Colômbia e Venezuela compartilham os postos migratórios terrestres de Cúcuta (Norte de Santander) e Arauca (Arauca), e um fluvial em Puerto Carreño (Vichada), enquanto o resto são cruzamentos ilegais, muitos deles em áreas de selva.

Enquanto os colombianos continuam chegando, o governo se concentra em conectar os deportados com as ajudas para encontrar trabalho e moradia.

“Nosso propósito é acelerar que as pessoas que estão nos albergues entrem no procedimento para poder ter um emprego, subsídio de arrendamento e refazer suas vidas onde eles considerarem melhor”, declarou Santos.

O líder assinalou que na sua visita a um albergue em Villa del Rosario, ao lado de Cúcuta, que “a maioria das pessoas tem problemas similares”, entre eles a necessidade de recuperar os móveis e utensílios que deixaram na Venezuela.

“Lá temos ainda os caminhões prontos. Estamos pedindo às autoridades venezuelanas que permitam a passagem desses caminhões para recuperar os utensílios destas famílias, que estão ainda do outro lado da fronteira”, afirmou. EFE

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