Tiroteio em instituto reabre debate sobre armas antes de eleições nos EUA

  • Por Agencia EFE
  • 25/10/2014 18h21

Marc Arcas.

San Francisco, 25 out (EFE).- O tiroteio de sexta-feira em um instituto de ensino médio no qual morreram dois alunos, entre eles o suposto autor dos disparos, e outros quatro ficaram feridos, reabriu o debate sobre as armas de fogo nos Estados Unidos a apenas uma semana das eleições legislativas.

Precisamente o estado de Washington, onde ocorreu a tragédia, votará duas medidas legislativas destinadas a restringir ou garantir o direito a possuir e portar armas no pleito legislativo do próximo dia 4 de novembro, além de escolher seus representantes para o Congresso.

Poucas horas depois do fatídico tiroteio no instituto Pilchuck de Marysville, várias organizações partidárias de restringir este direito amparado pela Constituição dos EUA vincularam o fato à “facilidade” para obter uma arma de fogo e pediram aos eleitores que apoiem as citadas medidas.

“Incidentes como este são exemplos que a violência por armas de fogo é frequente demais em nosso estado. Está em nossas mãos trabalhar juntos para reduzir a violência por armas de fogo”, indicou em comunicado a Aliança de Washington para a Responsabilidade com as Armas.

Este grupo é um dos principais promotores da Iniciativa 594, que, se for aprovada pelos eleitores em 4 de novembro, aumentará os controles de verificação de antecedentes para que qualquer cidadão possa comprar uma pistola.

As mensagens dos grupos contrários às armas rapidamente encontraram oposição nos partidários deste direito constitucional, que lamentaram que o tiroteio no instituto estivesse sendo “utilizado com fins políticos”.

“Este deplorável incidente não teria sido evitado com a Iniciativa 594 porque o autor dos disparos tinha menos idade que a permitida para comprar uma arma legalmente. Tentar usar esta tragédia para aprovar a I-594 demonstra o quão longe está disposto a chegar o lobby anti-armas”, declarou o presidente do grupo Comitê Cidadão pelo Direito a Possuir e Portar Armas, Alan Gottlieb.

Por sua parte, vários meios de comunicação americanos, tanto locais como nacionais, dedicaram hoje editoriais a tratar este assunto.

“Devemos reconsiderar questões como a segurança nas escolas, a prevenção do assédio escolar e a facilidade que existe em nossa nação para acessar armas de fogo”, escreveu o jornal de referência da região onde aconteceu o tiroteio, o “Seattle Times”.

“Não é normal que em uma nação civilizada haja mais de 30 mil mortos ao ano por armas de fogo. Não é normal esperar que os educadores e pais tenham que ter planos para estar prontos em caso de tiroteio em sua escola”, criticou em uma coluna no site da “CNN” um ex-assessor do ex-presidente Bill Clinton, Eric Liu.

“Não é normal, em uma nação civilizada, dizer que a melhor solução para a violência por armas é que mais pessoas tenham acesso às armas”, concluiu Liu, residente em Seattle.

Por sua parte, os hospitais nos quais estão internados os quatro estudantes que ficaram feridos no tiroteio no instituto Pilchuck informaram hoje que três deles seguem em estado crítico, enquanto o quadro do quarto é “grave”.

Na ocasião, um estudante do instituto disparou mortalmente contra uma aluna e feriu outros quatro estudantes (duas mulheres e dois homens) enquanto lanchavam na cafeteria do centro escolar, após o que se suicidou.

Várias testemunhas do tiroteio indicaram aos meios de comunicação que o suposto autor dos disparos foi o aluno de primeiro ano do centro Jaylen Fryberg, e apontaram uma decepção amorosa como o motivo que lhe levou a iniciar o tiroteio. EFE

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