Trump não critica Duterte publicamente por mortes nas Filipinas

  • Por Estadão Conteúdo
  • 13/11/2017 08h24
EFE/Noel Celis Presidente dos EUA Donald Trump se reúne com o presidente das Filipinas Rodrigo Duterte

O presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, tem comandado uma sangrenta guerra às drogas, que inclui homicídios sem qualquer processo judicial. Duterte xingou o então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e nesta semana se gabou de ter matado um homem com as próprias mãos. Tudo isso, porém, não teve qualquer menção pública por parte do presidente americano, Donald Trump, durante reunião entre os dois líderes nesta segunda-feira no país asiático.

Repórteres viram o início de uma reunião bilateral dos líderes na qual Trump elogiou a hospitalidade de Duterte, a organização do encontro que as Filipinas estava sediando e até o clima de Manila. O presidente americano não mencionou, porém, nada sobre direitos humanos e os dois líderes ignoraram questões de repórteres sobre a violenta caçada às drogas. Os dois líderes riram quando Duterte qualificou os jornalistas como “espiões”.

Posteriormente, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, afirmou que a reunião de 40 minutos teve como foco o Estado Islâmico, as drogas e o comércio. A questão dos direitos humanos, segundo ela, apareceu brevemente no contexto da luta das Filipinas contra o narcotráfico. Ela não disse se Trump se mostrou crítico em relação à violência.

Diferentemente de seus antecessores, Trump em grande medida abandonou a pressão sobre líderes estrangeiros em questões de direitos humanos, mostrando-se em vez disso disposto a apoiar homens fortes no cenário internacional em busca de ganhos estratégicos. Durante a viagem pela Ásia, ele não fez qualquer menção a direitos humanos durante várias aparições em Pequim com o presidente da China, Xi Jinping.

A guerra às drogas de Duterte causou alarme em defensores dos direitos humanos. Autoridades do governo das Filipinas estimam que mais de 3 mil pessoas, em sua maioria usuários de drogas e narcotraficantes, tenham morrido durante a investida atual contra eles no país. Grupos de direitos humanos afirmam que o número pode ser ainda maior, talvez mais perto de 9 mil.

Duterte tem defendido a atuação violenta das forças de segurança e já disse que participou pessoalmente de ações do tipo. No fim do ano passado, ele afirmou que puxou o gatilho e matou três pessoas anos atrás, quando era prefeito de Davao. Na semana passada, durante uma reunião internacional no Vietnã, disse que matou uma pessoa anos antes. Duterte comentou que, quando adolescente, entrava e saía da prisão. “Na idade de 16, eu já tinha matado alguém”, contou durante discurso em Dan Ang, onde se encontrou brevemente com Trump. Posteriormente, o porta-voz do líder filipino disse avaliar que a declaração no Vietnã teria sido uma brincadeira.

Assessores de Trump dizem que ele não quer censurar publicamente o presidente filipino, mas pode realizar críticas em privado. O presidente americano busca o apoio de Duterte para ajudar a pressionar a Coreia do Norte e na luta contra o terrorismo, além de tentar impedir que as Filipinas se aproximem demais da China. Fonte: Associated Press.

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