Tsipras diz que negociará com parceiros europeus e que troika é passado

  • Por Agencia EFE
  • 25/01/2015 23h10

Luis Alonso.

Atenas, 25 jan (EFE).- O líder da coalização esquerdista Syriza, Alexis Tsipras, afirmou neste domingo em Atenas, após vencer as eleições gerais, que o novo governo grego negociará um novo plano de reformas com seus parceiros europeus e que a troika “é assunto do passado”.

De um palanque montado na Universidade de Atenas, perante uma multidão de seguidores inflamados, Tsipras disse que vai apresentar seu próprio plano de reformas “sem novos déficits, mas sem superávits irrealizáveis”, uma solução justa, duradoura e viável que “beneficie a todos”.

Ele afirmou que sua vitória é também “a de todos os povos da Europa que lutam contra a austeridade que destroça nosso futuro comum”.

O líder da Syriza interpretou os resultados eleitorais como um mandato claro recebido do povo, representando que a Grécia muda de rumo e que “deixa a austeridade após cinco anos de humilhação”.

“Em qualquer caso, o novo governo do Syriza desmentirá todos os que veem destruição”, afirmou.

“Não haverá desastre, nem submissão. Nosso objetivo desde o primeiro dia é nos restabelecer das consequências da crise”, afirmou Tsipras, que com 82% dos votos apurados tem 36,2% dos votos (149 cadeiras), faltando duas para a maioria absoluta.

A União Europeia (UE) esperava os resultados das eleições gregas, após as advertências feitas por Tsipras durante a campanha eleitoral contra a troika (formada por Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) e os planos de resgate.

Nesta segunda-feira, em Bruxelas, os ministros do Eurogrupo – os 19 países que integram o euro – estudarão os resultados das eleições gregas, mas não poderão passar daí, porque também não terão mais informação.

Pouco depois de conhecidos os primeiros resultados das eleições na Grécia, o responsável pelo programa econômico da Syriza, Yannis Milios, afirmou que o programa estipulado entre o primeiro-ministro grego interino, Antonis Samaras, e o Eurogrupo “está morto”.

“Suponho que Gikas Jarduvelis (ministro das Finanças interino) se limitará nesta segunda-feira no Eurogrupo a discussões de caráter técnico, pois o programa que Jarduvelis tinha acertado como representante de Samaras já está morto”, assinalou.

Durante toda a campanha eleitoral, o líder da Syriza se esforçou em diferenciar os objetivos fiscais dos tratados europeus das normas ditadas pela troika de credores.

“Reconhecemos nossas obrigações com as instituições europeias e os tratados europeus. Estes tratados preveem objetivos fiscais que devem ser respeitados, mas não as medidas para consegui-los”, disse Tsipras em entrevista conjunta para os canais gregos de televisão.

Resta agora saber como será a posição negociadora de Tsipras se, como parece, não conseguir finalmente a maioria absoluta.

Durante a campanha eleitoral, o líder esquerdista reivindicou a maioria absoluta para ter uma “forte” posição negociadora, e assegurou que em todo caso seu partido nunca colaboraria com as forças que validaram o trabalho da “troika”.

À parte das questões econômicas, em muitos países europeus as eleições gregas estão sendo vistas como um reflexo e alguns, como o caso da Espanha, apoiaram claramente um ou outro candidato.

O secretário-geral do novo partido Podemos, Pablo Iglesias, participou na quinta-feira passada do comício da Syriza, que também recebeu a visita, entre outros, de Cayo Lara e Alberto Garzón, ambos da Esquerda Unida.

Durante a campanha eleitoral, instituições europeias e a maioria dos parceiros europeus enviaram mensagens advertindo a Syriza que devia continuar com o plano de reformas estipulado com a UE.

Neste domingo mesmo, o presidente do Banco Central alemão (Bundesbank), Jens Weidmann, disse que a economia da Grécia continua necessitando de apoio externo e lembrou ao futuro governo de Atenas que esse respaldo só tem cabimento “se forem respeitados os acordos” adotados.

Mas como disse Tsipras no final da campanha eleitoral, a austeridade não é uma política europeia e “não faz parte dos tratados da UE”. EFE

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