Ucrânia e Holanda não desistem da criação de tribunal apesar do veto russo

  • Por Agencia EFE
  • 31/07/2015 12h17

Kiev, 31 jul (EFE).- Ucrânia e Holanda anunciaram nesta sexta-feira que, apesar do veto russo, não abrem mão da criação de um tribunal internacional que julgue os culpados pela queda em 2014 do avião de Malaysia Airlines no leste da Ucrânia.

Durante uma conversa telefônica, o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, e o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, decidiram encarregar seus respectivos ministérios das Relações Exteriores que acordem um plano conjunto para criar “o correspondente órgão judicial internacional”.

Segundo informou a presidência ucraniana, ambas as partes se comprometeram a “pactuar sem demora propostas alternativas” após destacar que o projeto de resolução proposto pela Malásia ao Conselho de Segurança revelou um mecanismo judicial para julgar os culpados pela tragédia.

Poroshenko qualificou de “veto contra a justiça” a decisão russa de bloquear no Conselho de Segurança da ONU a criação de dito tribunal, dizendo que a iniciativa está politizada e que antes é preciso concluir a investigação propriamente dita.

“A Rússia pode bloquear a adoção de uma resolução no Conselho de Segurança, mas não pode impedir nossa busca por justiça”, recalcou o líder ucraniano.

Rutte, que tentou convencer em vão nas últimas semanas o presidente russo, Vladimir Putin, para que desse seu sinal verde à resolução, também condenou o veto russo.

Além disso, ambos dirigentes concluíram que o veto russo é mais um passo no caminho para seu isolamento internacional iniciado com a anexação da península ucraniana da Crimeia em março de 2014.

Na mesma linha, a Malásia informou que explorará outras vias para processar os responsáveis para garantir que não reine a impunidade.

Enquanto isso, a separatista república popular de Donetsk respaldou ontem à noite a decisão da Rússia, dizendo que “o tribunal é um mero ato de propaganda sobre o sangue das vítimas da catástrofe”.

“Não convidaram nem um só analista da Rússia, cuja fronteira se encontra a 30 quilômetros do lugar do acidente. Se houvesse especialistas russos, então haveria algo para falar”, afirmou Andrei Purgin, um dos dirigentes pró-Rússia de Donetsk.

A Rússia foi o único país que vetou o projeto impulsionado pela Austrália, Bélgica, Malásia, Holanda e Ucrânia, e que recebeu onze votos a favor dos 15 possíveis, já que China, Venezuela e Angola se abstiveram.

Ucrânia e Ocidente acusam os separatistas ucranianos apoiados pelo Kremlin de disparar o míssil que supostamente derrubou em 17 de julho de 2014 o avião com quase 300 passageiros a bordo, que realizava o voo MH17 sobre a região de Donetsk.EFE

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