Violência marca vésperas de diálogo entre governo e estudantes em Hong Kong

  • Por Agencia EFE
  • 19/10/2014 11h40
Policiais e manifestantes se enfrentam em Hong Kong na madrugada de 19 de outubro; cada lado acusa o outro pela violência EFE Policiais e manifestantes se enfrentam em Hong Kong na madrugada de 19 de outubro; cada lado acusa o outro pela violência

Os violentos enfrentamentos entre a polícia e o movimento Occupy de Hong Kong ao longo deste fim de semana marcam de forma essencial a antessala do primeiro diálogo entre o governo e os estudantes, fixado para a próxima terça-feira.No distrito de Mong Kok, na península de Kowloon, aconteceu há apenas dois dias um dos confrontos mais violentos vividos até agora desde a explosão da revolta popular, em 28 de setembro.

Milhares de pessoas e centenas de policiais, nos momentos de maior tensão, protagonizaram violentos enfrentamentos nas madrugadas de sábado e de domingo por tentar retomar as ruas do distrito.

No total, 36 pessoas foram detidas ao longo do fim de semana, e dezenas ficaram feridos.

A polícia acusa os manifestantes de provocar o conflito ao convocar centenas de pessoas para saírem às ruas e incitá-las a acusar os agentes através de mensagens nas redes sociais, afirmou a polícia em comunicado.

Já o movimento Occupy critica à polícia pelo uso de força excessiva para controlar os manifestantes, que são na maioria pacíficos.

Em uma tentativa de deter a escalada de confrontos na rua, as autoridades e as organizações que lideram o movimento Occupy condenaram a violência no distrito de Mong Kok.

E a número dois do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, pediu calma nas ruas.

Do outro lado, o co-fundador do movimento Occupy, Chan Kin-man, e o dirigente estudantil da Federação de Estudiantes, Lester Shum, organizações à frente dos protestos, deixaram claro que as conversas e não a violência devem ser o único caminho a seguir.

Na próxima terça-feira, 21, cinco representantes do governo de Hong Kong e cinco membros da Federação de Estudiantes, organização escolhida pelas autoridades como interlocutora do movimento Occupy, se sentarão pela primeira vez frente a frente para tentar pôr fim à revolta social e política que completa hoje 22 dias.

Carrie Lam liderará as conversas pelo governo, que já deixou claro que não haverá volta atrás na decisão da Assembleia Popular Nacional.

Essa postura deixa poucas possibilidades de um acordo com os manifestantes, que exigem a livre escolha popular dos candidatos à chefia de governo em 2017, enquanto Pequim insiste que um comitê composto por 1.200 membros (nomeados na maioria pelo Partido Comunista) selecione os candidatos.

“A decisão da Assembleia Nacional Popular sobre a reforma eleitoral não pode ser revisada para 2017”, repetiu Leung Chin-yung, chefe do governo de Hong Kong, na quinta-feira, ao anunciar sua disposição ao diálogo para tentar conter a revolta social.

As partes estão fechando agora os termos deste primeiro encontro, que será televisionado a pedido do movimento Occupy.

Se não for cancelada, a reunião de terça será a primeira desta rodada de negociações.

Apesar do número de manifestantes ter diminuído, os estragos e os bloqueios nas ruas alteraram o tráfego em Hong Kong.

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