Voo MH17 foi derrubado na Ucrânia, diz relatório preliminar

  • Por Agencia EFE
  • 09/09/2014 10h03

Bruxelas, 9 set (EFE).- O acidente com o voo MH17 de Malaysia Airlines em julho deste ano na Ucrânia e que custou a vida de 298 pessoas teve “causas externas”, ou seja o lançamento de projéteis, conforme o relatório preliminar publicado nesta terça-feira pela Junta de Segurança holandesa.

“Os primeiros resultados da investigação apontam para uma causa externa para o acidente do MH17”, assinalou em comunicado Tjibbe Joustra, presidente da Junta de Segurança, que se encarrega de determinar as causas da tragédia.

A Ucrânia sustentou após o acidente que o Boeing malaio tinha sido derrubado por um míssil terra-ar disparado a partir do território sob o controle dos milicianos pró-Rússia, mas os rebeldes negaram.

“Será necessário realizar mais investigações para determinar a causa com maior precisão”, continuou Joustra, que afirmou que haverá mais provas nos próximos meses e que o relatório final estará disponível dentro de um ano a partir da data do acidente.

“O relatório final será conhecido em 2015”, indicou à Agência Efe a porta-voz da Junta, Sara Vernooij.

Os resultados preliminares concluíram que a aeronave “se desintegrou no ar, provavelmente, devido ao dano estrutural causado por um alto número de objetos de alta energia que penetraram no aparelho a partir do exterior”. O avião sobrevoava um espaço aéreo sem restrições quando sofreu o acidente, segundo este relatório preliminar que aparece quase dois meses depois do ocorrido. A Organização da Aviação Civil Internacional (Icao) fixa em seu protocolo de investigações sobre acidentes de aviação um prazo de 30 dias para a apresentação das conclusões preliminares, no entanto, no caso do Boeing malaio os analistas encontraram vários obstáculos.

A maior parte dos investigadores que trabalhava em território ucraniano teve que ser transferida à Holanda por questões de segurança por conta dos combates entre as milícias rebeldes pró-russas e as tropas do governo de Kiev no leste da Ucrânia, embora uma equipe reduzida permaneça no local e as análises continuem na Holanda.

O relatório publicado hoje diz que “não há indicações que o acidente do MH17 tenha sido causado por uma falha técnica nem por ações da tripulação”. Ele explicou que os registros de voz da cabine, de dados de voo e de controle de tráfego aéreo sugerem que o voo procedeu normalmente até às 13h20 GMT (10h em Brasília), quando a comunicação com o avião ficou interrompida de forma abrupta.

Até esse momento, não foram registradas chamadas de emergência, nem qualquer tipo de comunicação entre os membros da tripulação que revelasse um problema técnico. A Junta esclareceu que, por enquanto, não foi possível realizar um estudo detalhado dos destroços do avião, mas afirmou que as imagens disponíveis mostram que as peças do avião foram perfuradas em vários lugares.

“O padrão de danos na fuselagem da aeronave e na cabine do piloto é coerente com o que se pode esperar de um grande número de objetos de alta energia que penetrou a aeronave a partir do exterior. É provável que este dano seja resultado de uma perda da integridade estrutural da aeronave, o que conduziu à desintegração durante o voo”, detalhou o relatório, ao tempo que lembrou a perda simultânea de contato com o controle do tráfego aéreo e o desaparecimento da aeronave do radar.

O relatório também confirmou que o avião estava em bom estado quando decolou do Aeroporto de Schiphol, em Amsterdã, rumo a Kuala Lumpur e que a tripulação estava credenciada e dispunha dos certificados médicos correspondentes.

A Junta de Segurança, com sede em Haia, realiza outras duas investigações que tratam de estabelecer o processo de tomada de decisão sobre a rota do voo e a análise de risco assumido quando Malaysia Airlines escolheu passar pelo leste da Ucrânia, apesar dos perigos pelos enfrentamentos entre as forças pró-russas e governamentais nesse território.

Em paralelo, o processo de identificação das vítimas, 196 de nacionalidade holandesa, continua na base militar de Hilversum (norte da Holanda), mas ainda pode levar meses até ser concluída. De acordo com o último balanço legista, até agora 193 vítimas foram identificadas. EFE

mrn/cdr

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