Zona do euro e Grécia têm impasse e mercados se assustam

  • Por Reuters
  • 09/02/2015 15h50

O primeiro-ministro da Grécia EFE Parlamento da grecia

O impasse entre a Grécia e seus parceiros da zona do euro se acirrou nesta segunda-feira, com o primeiro-ministro esquerdista Alexis Tsipras insistindo que seu país não estenderá o programa de resgate atrelado a reformas e a Alemanha afirmando que Atenas não receberá mais dinheiro sem esse programa.

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, alertou os gregos de que não devem esperar que a zona do euro se curve às demandas de Tsipras em um crescente confronto que assustou os mercados financeiros e provocou pedidos dos Estados Unidos e do Canadá para que as partes tenham calma e encontrem uma solução conciliatória.

Intensificando a retórica, o ministro das Finanças da Grécia disse que a zona do euro poderia entrar em colapso “como um castelo de cartas” se Atenas for forçada a deixar o bloco monetário. Uma autoridade de finanças da Grécia disse não acreditar que Juncker, a chanceler alemã, Angela Merkel, ou a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, vão deixar a Grécia quebrar.

Tsipras apresentou no domingo planos para desmontar o “cruel” programa de austeridade da Grécia, descartou a extensão do resgate internacional de 240 bilhões de euros, que vence no fim deste mês, e prometeu buscar reparações da Alemanha pela Segunda Guerra Mundial.

Seu discurso ao parlamento assustou os mercados financeiros europeus e parceiros fora da zona do euro, derrubando as ações de bancos gregos a perto das mínimas históricas e impulsionando os rendimentos dos títulos soberanos gregos.

Visitando a Áustria nesta segunda-feira, Tsipras disse estar confiante sobre a possibilidade de chegar a um acordo com parceiros europeus nos próximos dias e renovou seus pedidos por um acordo “temporário” até junho para dar tempo às negociações sobre a reestruturação da dívida grega.

 

LIMITES

Um funcionário graduado do Ministério de Finanças em Atenas disse a jornalistas que reestruturar a dívida e reduzir sua meta de superávit orçamentário fiscal estarão entre os itens de que o país não abrirá mão durante as negociações com a União Europeia.

A Alemanha, principal credor da zona do euro, tem insistido que o novo governo radical grego precisa respeitar compromissos firmados por seu predecessor conservador.

O ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble, disse que se Atenas quiser um acordo temporário precisará de um programa de reformas supervisionado internacionalmente.

“Sem um programa, as coisas serão árduas para a Grécia. Eu não sei como os mercados financeiros se comportariam sem um programa”, disse ele a jornalistas em reunião dos ministros das Finanças do G20.

Em um sinal de crescente preocupação internacional, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, liderou uma reunião especial com autoridades do Ministério das Finanças e com o Banco da Inglaterra nesta segunda-feira para formular um plano para a possível saída da Grécia da zona do euro, disse uma fonte do Tesouro.

O ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, que recebeu pouco apoio para o seu plano de reestruturar a dívida grega em suas visitas a capitais europeias na semana passada, irritou alguns parceiros da zona do euro ao afirmar no domingo que o bloco monetário de 19 países entraria em colapso se a Grécia deixasse de participar do grupo.

Juncker disse a jornalistas em visita à Alemanha: “A Grécia não deveria assumir que o humor geral tenha mudado a tal ponto que a zona do euro irá adotar o programa de governo de Tsipras incondicionalmente”.

O chefe do braço executivo da UE, que se encontrou com o líder grego em Bruxelas na semana passada, disse não esperar um acordo com a Grécia na cúpula da UE na quinta-feira ou na reunião dos ministros das Finanças da zona do euro na quarta-feira.

“Não acredito que chegaremos a conclusões finais tão cedo”, disse Juncker em reunião em Nauen, perto de Berlim.

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