No Rio, ato ecumênico lembra seis anos do massacre de Realengo

  • Por Agência Brasil
  • 07/04/2017 13h21
Rio de Janeiro - Ato com abraço ao prédio e soltura de balões com um pedido de paz mundial nas escolas, relembra os seis anos do massacre na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio. (Tânia Rêgo/Agência Brasil) Tânia Rêgo/Agência Brasil Ato com abraço ao prédio com um pedido de paz mundial nas escolas relembra os seis anos do massacre do Realengo

A Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio, promoveu nesta sexta-feira (7) um ato ecumênico, seguido de abraço no estabelecimento, para lembar os seis anos do massacre ocorrido no local, na manhã do dia 7 de abril de 2011.

Naquele dia, Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, invadiu a escola armado com dois revólveres e começou a atirar contra os alunos, matando 12 deles, com idades entre 13 e 16 anos, e ferindo outros 13. Interceptado por policiais militares, o assassino cometeu suicídio.

A presidente da Associação Anjos de Realengo, formada por pais e mães que perderam seus filhos na tragédia, Adriana Silveira, disse que “aquele dia é uma ferida que não cicatrizou e que nunca cicatrizará”. Segundo ela, é uma lembrança triste confrontada todos os dias.

“É uma dor sem fim, mas vamos reaprendendo a viver. Minha filha era uma menina muito caseira, companheira e muito amiga minha. Hoje, ao relembrar tudo isso, vem um turbilhão de sentimentos, eu ainda sinto muita dor, mas estou forte para continuar a luta, que é não deixar aquele dia ser esquecido, e tocar o legado da minha filha, para que a morte dela não tenha sido em vão”, disse Adriana, emocionada.

Segundo ela, é necessário mais segurança nas escolas. “Nossas crianças não podem entrar no colégio e perder a vida. Infelizmente, nossos filhos perderam a vida entre lápis e cadernos e depois disso nada foi feito. Continua a mesma coisa, se não pior. Hoje, a Tasso da Silveira é uma escola modelo, com guarda municipal 24 horas aqui dentro, mas a luta continua para que todas as unidades possam ter o mesmo. Nossas autoridades deveriam refletir sobre o que aconteceu na escola naquele dia. Uma violência terrível. De repente, assim eles tenham consciência de que nossas crianças precisam ter mais segurança enquanto estão estudando.”

O subtenente da Polícia Militar, Márcio Alves, foi o responsável por evitar que Wellington Menezes fizesse mais vítimas no dia do ataque. Tratado como herói por todos os presentes no ato, Alves diz que não costuma usar a palavra “relembrar” para se referir ao dia do ocorrido.

“É porque isso está mais que presente em todos os dias da minha vida. Eu e todas as pessoas envolvidas jamais esqueceremos aquele dia. Foi uma ocorrência muito marcante na minha carreira como policial e, constantemente, passa aquele filme na minha cabeça. Infelizmente a violência só aumentou. Vemos jovens, crianças e inclusive policiais sendo assassinados todos os dias. É algo que está desenfreado, difícil da gente combater, já que estamos de mãos amarradas, sem situações ideais para trabalhar. Precisamos de mais investimento, melhores condições de trabalho e alguém de pulso firme para comandar a nossa tropa.”

Bilhete

Um bilhete que Wellington deixou e as investigações sobre o crime revelaram que o assassino tinha problemas mentais e havia sofrido bullying quando era aluno da mesma escola onde praticou a chacina.

Adriana Silveira lamentou que o bulling (ataque físico ou psicológico sem motivo contra pessoas, no caso, alunos) ainda seja praticado nas salas de aula e disse que vem lutando para que isso acabe. “Por causa da tragédia, acabei me envolvendo com o tema e conheci vários casos. Há crianças que se mutilam. Tento levar essa discussão para dentro das escolas e vou lançar um livro sobre o tema.”

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