Dilma diz que chorou quando soube que Lula seria preso

  • Por Jovem Pan
  • 21/04/2018 15h11 - Atualizado em 21/04/2018 15h12
EFE Dilma e Lula durante último discurso do petista antes de se entregar à Polícia Federal, em 7 de abril

A ex-presidente Dilma Rousseff disse que chorou quando soube que seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, seria preso na Lava Jato.

Lula foi condenado em duas instâncias a 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro por suposto recebimento de propina por meio da reforma de um apartamento tríplex no Guarujá (SP), financiado pela empreiteira OAS, que tinha interesses em contratos com a Petrobras. O PT e aliados alegam a inocência de seu principal líder e classificam a prisão de Lula como “política”.

“Eu me sinto muito triste. Eu não chorei na minha prisão, eu fiquei três anos na cadeia (na época da Ditadura Militar). Eu não chorei no processo de impeachment. No dia em que eu soube que ele iria ser preso, eu chorei”, disse Dilma em entrevista à jornalista Bia Willcox, nos Estados Unidos, publicada no Jornal do Brasil. “Comove muito a gente uma situação de absoluta injustiça”, classificou a ex-presidente.

Dilma disse também que Lula chorou quando ela foi destituída da Presidência.

“No dia do meu impeachment, atrás de uma pilastra no Palácio do Alvorada, na hora em que eu descia a rampa, ele me abraçou e soluçava, escondido atrás da pilastra. Soluçava. Aí eu disse para ele: ‘não, acalma, não pode ser assim’. Agora, quando foi a vez dele, ele que falou para mim (para me acalmar)”, contou a ex-presidente.

Dilma afirmou que “tem uma grande sensação de irmandade” com Lula.

A petista afirma que se solidariza com o encarceramento de seu padrinho político. “Conheço a personalidade do Lula. O Lula é uma pessoa extremamente generosa. E é um homem que foi muito amado pela mãe”, afirmou Dilma, que foi ex-ministra Lula.

Dilma disse que Lula “tem defeitos” que são superados por suas qualidades.

“Como a gente tira ele de lá?”

Questionado pela jornalista, simpática à petista, “como a gente tira o lula de lá (da prisão)?”, Dilma respondeu: “olha, querida, eu vou lutar e resistir”.

“Eu acredito que não existe um processo fácil, existe a certeza histórica de que todos os processos podem ser revertidos. Todos os processos podem ser derrotadas”, afirmou a petista.

Para Dilma, a prisão de Lula “é um golpe contra a democracia” e a solução é “expandir os limites da democracia”. A ex-presidente contou que esse foi seu objetivo quando decidiu, mesmo com conselhos contrários, participar da sessão no Senado que aprovou seu impeachment em 2016 e responder questões dos parlamentares.

Dilma defende a necessidade de “construir narrativas” e afirma que “a verdade é carismática e tem uma capacidade enorme de convencer”.

Candidatura

Dilma foi questionada por que decidiu se candidatar ao Senado por Minas Gerais e revelou que Lula a convenceu.

“Eu não pensava na real em me candidatar”, confessou. “Eu fui muito estimulada pelo Lula a me candidatar em Minas Gerais”, disse a ex-presidente, que transferiu seu título de eleitor do Rio Grande do Sul para Minas.

Dilma contou que também que quer “ficar um pouquinho mais perto” de sua mão, que está doente, aos 95 anos.

A petista disse que “as eleições vão ser importantes” e defende que o PT mantenha a candidatura de Lula até o registro no TSE. “Sabemos que ele é inocente”, argumentou. Para Dilma, escolher um “plano B” do PT “é uma forma de facilitar a vida deles (adversários políticos), porque eles propõem isso”.

 

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