Esposa de Gilmar ironiza “escândalo das flores” enviadas por Barata e nega proximidade com empresário investigado

  • Por Jovem Pan
  • 30/08/2017 12h17
Montagem/AE e EFE Jacob Barata Filho (esq.) e ministro Gilmar Mendes; "É uma grande associação de fatos ridículos e que não provam nada", diz esposa sobre pedido de suspeição

A advogada Guiomar Mendes, esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, voltou a negar proximidade com o empresário Jacob Barata Filho, o “rei do ônibus” investigado por pagar propina na Operação Ponto Final (braço da Lava Jato no Rio de Janeiro) e liberado da prisão preventiva em dois habeas corpus concedido por Gilmar.

Guiomar rebateu as novas provas do Ministério Público Federal, que pede a suspeição de Gilmar Mendes no caso. “Agora (o Ministério Público) anuncia o ‘escândalo’ das flores! É uma grande associação de fatos ridículos e que não provam nada”, escreveu Guiomar com ironia ao Blog do Camarotti nesta quarta-feira (30), desde Bucareste (Romênia), onde viaja.

O MPF anexou ao pedido de suspeição e-mail de 2015 que mostra que Jacob Barata Filho comprou flores de R$ 200,00 para o casal. O pedido de afastamento do ministro do caso deve ser discutido no plenário do Supremo, o que seria um fato inédito na Corte.

A mulher do ministro diz que não se lembra do presente e argumenta que é comum Gilmar receber flores “em razão de uma posse, de um evento, ou de homenagem, ou de uma palestra ou entrevista”. Ela questiona: “desde quando flores enviadas em 2015 se prestam a reforçar um pedido de suspeição?”.

Guiomar conclui e reafirma: “disse e repito: não temos e nunca tivemos proximidade com Jacob Barata”.

Veja a mensagem completa:

Estou em Bucareste e em razão do fuso e da dificuldade de acessar a internet soube com atraso que os procuradores do Rio vão reforçar o pedido de suspeição de Gilmar Mendes em razão de umas flores supostamente enviadas por Jacob Barata à minha casa em 2015.

Num primeiro momento, o MP turbina o fato de que meu nome consta em agenda de Jacob Barata. Agora anuncia o “escândalo” das flores! É uma grande associação de fatos ridículos e que não provam nada. São esses os fortes fundamentos para a arguição de suspeição do Gilmar Mendes? Não lembro de ter recebido as flores como também é impossível recordar quantas flores já nos foram enviadas com objetivo de nos cumprimentar e, principalmente, o Gilmar, em razão de uma posse, de um evento, ou de homenagem, ou de uma palestra ou entrevista. E desde quando flores enviadas em 2015 se prestam a reforçar um pedido de suspeição?

Disse e repito: não temos e nunca tivemos proximidade com Jacob Barata.

Outras causas

“Há entre eles (Gilmar Mendes e Jacob Barata Filho) vínculos pessoais que impedem o magistrado de exercer com a mínima isenção suas funções no processo”, diz Janot na peça em que pede a suspeição do ministro, ressaltando, além do fato de Mendes ter sido padrinho da filha de Barata, que empresa da qual o “rei do ônibus” é sócio também tem como associado companhia administrada por Francisco Feitosa de Albuquerque Lima, cunhado do ministro Gilmar.

Reprodução/MP-RJ

Gilmar Mendes, em 2013, foi padrinho de casamento de Beatriz Barata, filha do paciente, com Francisco Feitosa Filho. O noivo é filho de Francisco Feitosa de Albuquerque Lima, irmão de Guiomar Mendes, que vem a ser a esposa de Gilmar

As investigações da Operação Ponto Final, braço da Lava Jato no Rio, apontaram ainda uma “estreita relação de amizade e compadrio” entre Albuquerque e Barata, por meio de mensagens de celular.

A busca e apreensão permitiu revelar, ainda, que o contato de Guiomar Mendes, esposa do ministro, está registrado na agenda telefônica de Jacob Barata Filho.

Há ainda o fato de o escritório de Sérgio Bermudes, integrado por Guiomar Mendes, representar e assinar diversas petições postulando o desbloqueio de bens e valores nos processos cautelares de natureza penal da Operação Ponto Final.

Nas cautelares penais, foram decretadas constrições em prejuízo de pessoas jurídicas diretamente relacionadas a Jacob Barata Filho e Lélis Teixeira, que foram processualmente representadas pelo escritório de Sérgio Bermudes: Fetranspor, Riopar, Alpha Participações e Guanabara Participações e Empreendimentos Imobiliários.

Outro lado

Após a chegada do pedido de suspeição ao STF, a assessoria do ministro informou, em nota, que o contato dele com a família de Barata Filho ocorreu apenas no dia do casamento. Além disso, segundo os assessores, o fato não se enquadra nas regras legais que determinam o afastamento de um magistrado para julgar uma causa em função de relação íntima com uma das partes.

“O contato com a família ocorreu somente no dia do casamento. Não há relação com o paciente e/ou com os negócios que este realiza. Já há entendimento no Supremo Tribunal Federal que as regras de suspeição e impedimento do novo Código de Processo Civil não se aplicam ao processo penal. Ademais, não há tampouco amizade íntima com os advogados da presente causa”, informou a assessoria de Gilmar Mendes na ocasião.

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