Ministro Fachin manda soltar ex-assessor de Temer Rocha Loures

  • Por Jovem Pan com Estadão Conteúdo
  • 30/06/2017 17h19 - Atualizado em 30/06/2017 21h36
Brizza Cavalcante/Câmara dos Deputados Loures foi flagrado pela Polícia Federal recebendo mala que teria dinheiro de propina

O ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin mandou soltar nesta sexta-feira (30) o ex-deputado Rocha Loures (PMDB-PR). O ex-assessor especial do presidente Michel Temer foi denunciado por corrupção passiva e está preso desde o começo de junho, quando perdeu o mandato de deputado por causa das delações dos executivos da JBS.

Fachin substituiu a prisão preventiva de Loures por medidas cautelares alternativas: recolhimento domiciliar no período noturno (das 20h às 6h) e nos dias de sábados, domingos e feriados, a ser fiscalizado por monitoração eletrônica; proibição de manter contato com qualquer investigado, réu ou testemunha relacionados ao caso JBS; proibição de ausentar-se do País, devendo entregar seu passaporte em até 48 horas; comparecimento em juízo para informar e justificar atividades sempre que requisitado, devendo manter atualizado o endereço em que poderá ser encontrado.

O ex-deputado e ex-assessor do presidente Michel Temer foi preso no dia 3 de junho, após ter sido flagrado em um vídeo recebendo R$ 500 mil de propina da JBS dentro de uma mala. As imagens foram anexadas como provas da delação da JBS.

Segundo um dos donos da JBS, o empresário Joesley Batista, Loures foi indicado por Temer como interlocutor para resolver assuntos da empresa junto ao governo. O presidente foi denunciado por corrupção passiva e é investigado por obstrução de Justiça e organização criminosa.

Atualmente, Loures está preso na Superintendência da Polícia Federal de Brasília. A defesa, entretanto, alegava que o local apresentava condições insalubres e que a prisão preventiva era uma forma de a Procuradoria-Geral da República tentar forçar um eventual acordo de colaboração premiada.

“Não sucumbindo por completo os fatos que deram ensejo à decretação da medida extrema, torna-se imperiosa a sua substituição por medidas cautelares alternativas, nos termos do art. 282, § 6º, do Código de Processo Penal, as quais, neste momento, mostram-se suficientes à garantia da ordem pública”, argumentou Fachin em sua decisão.

Turma

No despacho, Fachin destacou decisão da Primeira Turma do STF, que decidiu no dia 20 de junho remover a prisão preventiva e aplicar a prisão domiciliar em relação a três investigados no inquérito que envolve o senador Aécio Neves (PSDB-MG) que foram presos na Operação Patmos: Andrea Neves, irmã do tucano, Frederico Pacheco de Medeiros, primo dele, e Mendherson Souza Lima, ex-assessor parlamentar de Zezé Perrella (PMDB-MG).

“Nada obstante a solução dada pela respeitável decisão colegiada, entendo que o atual momento processual vivenciado pelo aqui segregado autoriza a adoção de providência semelhante, em homenagem ao tratamento isonômico que deve inspirar a jurisdição”, ressaltou Fachin.

PF aguarda envio de tornozeleira

Como Rocha Loures terá de usar tornozeleira eletrônica, a PF aguarda a chegada do equipamento, que deve chegar só nas próximas horas, de Goiânia (GO). Formalmente, a PF ainda não foi notificada da decisão do Supremo.

“Para bem cumprir a decisão do STF de libertar o ex-deputado Rocha Loures apenas mediante a colocação de tornozeleira, a SRDF aguarda a chegada do equipamento. O aparelho de monitoramento deve chegar à SRDF apenas amanhã”, diz nota divulgada pela assessoria de imprensa da PF.

O advogado Cezar Bitencourt, responsável pela defesa de Loures, classificou como “lamentável” a ausência de tornozeleiras na superintendência da PF no Distrito Federal.

“É uma vergonha, o cidadão não pode pagar por isso, mas vamos ser compreensivos”, comentou Bitencourt. “Esse material é indispensável hoje em dia”, completou o advogado.

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