Se há “batom na cueca”, é melhor delatar, aconselha Joesley

  • Por Estadão Conteúdo
  • 29/09/2017 11h50
Rovena Rosa/Agência Brasil Rovena Rosa/Agência Brasil O áudio está entre os materiais que haviam sido sonegados ao Ministério Público Federal

Em conversa gravada com um interlocutor que responde por “Gabriel”, Joesley Batista diz ter aconselhado um amigo sobre o que levar em consideração na hora de decidir por um acordo de delação premiada. Se tinha “batom na cueca”, era melhor delatar, teria dito o empresário, segundo o áudio obtido pela revista “Veja”.

“Ô, meu, é a coisa mais simples do mundo, porque se você tem problema e o problema é, como se diz, batom na cueca, ô, meu, corre lá e faz a porra dessa delação”, disse Joesley ao seu interlocutor, que de acordo com a publicação seria o deputado federal Gabriel Guimarães (PT-MG).

O áudio está entre os materiais que haviam sido sonegados ao Ministério Público Federal e que levaram, posteriormente, o então procurador-geral da República Rodrigo Janot a pedir a rescisão do acordo de delação e a prisão de Joesley e do executivo Ricardo Saud.

Na conversa, Joesley também detalha como atuou para aliciar o procurador Ângelo Goulart Villela e sua interlocução com o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), a quem detalhava suas negociações com o MPF sobre o acordo de leniência da J&F.

Em outra gravação, desta vez com o executivo Ricardo Saud, o diretor Francisco Assis e Silva e a advogada da JBS, Fernanda Tórtima, Joesley relata que pretendia deixar o Brasil. “Ainda vou pra Nova York, vou amanhecer em Nova York, se Deus quiser. Eu vou ficar aqui, Fernanda? Cê tá louca? Soltar uma bomba dessa aí e ficar aqui fazendo o quê?”, disse.

A advogada considera que a PGR não perderia a oportunidade de fechar o acordo e que o melhor seria mesmo o empresário deixar o Brasil. “Se for pra dar imunidade, que seja fora pra ninguém ver tua cara, ninguém lembrar que você existe”, diz Fernanda, segundo a ‘Veja’.

Prisão

Joesley e Wesley Batista estão em prisão preventiva decretada no processo em que os executivos são acusados de lucrar indevidamente no mercado de ações e usar informações privilegiadas antes de vir à tona o acordo de colaboração premiada que firmaram com o Ministério Público Federal (MPF).

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