Análise: ausente, Marcelo Crivella acompanha caos na segurança pública de longe

  • Por Fernando Ciupka/Jovem Pan
  • 30/09/2017 10h00 - Atualizado em 30/09/2017 10h37
Divulgação Divulgação Diante da situação no Rio de Janeiro, algo que demorou certo tempo foi uma reação do atual prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella

O Rio de Janeiro continua lindo. A máxima valerá, ao que tudo indica, para sempre. Mas, nos últimos tempos, ela parece só se aplicar às paisagens do estado. Manchado por um crise econômica profunda, escândalos de corrupção de mandatários mais recentes – a exemplo de Sérgio Cabral, Anthony Garotinho e Eduardo Paes – e uma violência cada vez mais entremeada no dia a dia do carioca,o futuro da terra do Cristo Redentor é obscuro.

O problema de segurança pública culminou, na última semana, com a necessidade da presença das Forças Armadas para controlar a violência na Rocinha. Em meio a tantos problemas, nada mais natural que os cidadãos se voltem aos seus candidatos eleitos para algum tipo de suporte. E aí fica a pergunta: onde está o prefeito Marcelo Crivella?

No cargo desde janeiro, ele se manifestou após o tiroteio na favela da Rocinha somente 15 horas depois, por meio de uma nota. No texto, Crivella disse que acompanha a situação de medo e insegurança provocada pelos traficantes “com muita tristeza” e se “solidariza com os moradores que vivem na localidade”.

Bonitas palavras, mas pouca atuação.

Ele parece ter percebido isso. Então,dez dias após o confronto das Forças Armadas com os criminosos no Rio, o prefeito decidiu subir a favela da Rocinha e anunciou investimentos na comunidade. De acordo com ele, R$ 17,5 milhões serão destinados para melhorias na comunidade.

Militares do Exército são vistos durante operação na comunidade da Rocinha, em São Conrado, zona sul do Rio de Janeiro, na manhã de sábado

A reportagem da Jovem Pan conversou com os apresentadores da casa Carlos Andreazza, Felipe Moura Brasil, Marcelo Madureira e com o repórter Rodrigo Viga, conhecedores do Rio de Janeiro, para saber mais sobre as ações do prefeito.

Andreazza, apresentador do programa 3 em 1, e todos os outros afirmam que Crivella nada pode fazer no que diz respeito a segurança pública, já que se trata de uma função do Estado do Rio de Janeiro. Mas esperava que, pela autoridade que detém, ele se manifestasse de maneira mais presente.

“É um prefeito, até agora, bastante ausente. Se ele tem culpa na situação, eu diria que não. Isso serve para todos os prefeitos que assumiram seus municípios. Objetivamente, ele não tem culpa. Ele é prefeito há muito pouco tempo e ainda é herdeiro de uma situação caótica, que é menos do município e mais do Estado do Rio, mas isso não significa que uma má gestão na Prefeitura, uma gestão inepta, não possa piorar a situação”, disse o apresentador.

De acordo com o apresentador de Os Pingos nos Is, Felipe Moura Brasil, Crivella realmente tem tido uma gestão mais discreta e colocou a questão do envolvimento em polêmicas, como o caso do seu filho que seria nomeado secretário da Casa Civil, como um possível motivo para o afastamento do prefeito dos noticiários. Apesar disso, Moura Brasil disse que o ex-bispo está mostrando sua colaboração por meio da guarda municipal, o que não é suficiente.

Militares continuam na favela da Rocinha para combater confrontos entre facções de traficantes de drogas

“O Marcelo Crivella está mostrando só tristeza e a colaboração que ele está dando em termos de guarda municipal. Mas eu acho que é uma ajuda muito pequena. E dizendo que tá fazendo pressão pro controle das rodovias também, que é muitas vezes por onde chega o armamento que vai até as favelas. Aliás é impressionante e estarrecedor que ainda cheguem armas na Rocinha”, afirmou Moura Brasil.

Essa distância de Crivella na Prefeitura do Rio de Janeiro tem sido uma marca dos últimos representantes da cidade, segundo o repórter Rodrigo Viga. Apesar de reforçar que a segurança pública se trata de uma atribuição do governo do Estado, Viga lembra do período do ex-bispo no Senado e cita a ação na favela da Rocinha nesta semana.

“Já que não tem relação com a segurança, vai entrar com serviços sociais do município para complementar as ações. Mas, no papel dele como senador, que ele atuou por oito anos no Congresso Nacional, poderia ter feito um pouco mais, com certeza”, afirmou.

Para Marcelo Madureira, o posicionamento do prefeito é claro: atrás dos carros ou barricadas, da melhor forma possível para não ser baleado. Apesar da brincadeira, o também apresentador do programa 3 em 1 alertou para que o País inteiro fique de olho no que acontece no Rio.

“Essa situação de violência que a gente vive no Rio já tem muitos e muitos anos. O tempo vai passando e a situação piora. O que eu acho importante todo mundo saber é que, o que acontece no Rio de Janeiro, é o que vai acontecer no resto do Brasil amanhã. Então acho que todo mundo tem que prestar atenção e ajudar o Rio de Janeiro”, disse apresentador.

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