Trabalho em vão? Moro compara frustração com solturas de Gilmar ao “mito de Sísifo”; entenda

  • Por Jovem Pan
  • 28/08/2017 14h34 - Atualizado em 28/08/2017 14h48
Reprodução Quadro Sísifo (ou Sisyphus), de Tiziano Vecellio, 1549, retrata punição imposta ao "enganador de deuses" na mitologia grega

Perguntado se se frustra ao ver prisões da Lava Jato revogadas pelo ministro do STF Gilmar Mendes, o juiz federal Sergio Moro respondeu: “nenhum juiz gosta de se sentir como se estivesse vivendo o Mito de Sísifo”.

Na entrevista concedida ao jornal O Estado de S. Paulo, o juiz da Lava Jato se referiu à mitologia grega.

O personagem recebeu como castigo, já na terra dos mortos, empurrar uma pedra de mármore até o ponto mais alto de uma montanha. Mas, toda vez que ele cumpria a exaustiva tarefa, a pedra rolava de volta para baixo. Ele deveria repetir a tarefa por toda eternidade.

Em outras passagens da história de Sísifo, ele engana a Morte duas vezes.

Veja o trecho da entrevista

ESTADÃO: Ao mesmo tempo em que o sr. manda prender, o ministro Gilmar Mendes manda soltar. O que deve prevalecer?

SÉRGIO MORO: Não penso que as questões devem ser tratadas a nível pessoal, mas institucional. Respeito o ministro Gilmar Mendes e espero que, ao final, ele, pensando na construção da rule of law (império da lei), mantenha o precedente que ele mesmo ajudou a construir.

ESTADÃO: O sr. se frustra com isso?

SÉRGIO MORO: Revisões de decisões judiciais fazem parte do horizonte da profissão. Evidentemente, nenhum juiz gosta de se sentir como se estivesse vivendo o Mito de Sísifo.

Na entrevista, Moro também reiterou sua preocupação com o Supremo Tribunal Federal mudar seu entendimento a respeito das prisões após condenação em segunda instância. “Com todo o respeito ao Supremo, seria, no entanto, lamentável se isso ocorresse”, disse.

Moro expressou pela primeira vez a preocupação durante o fórum Jovem Pan Mitos e Fatos, onde chegou a relatá-la à presidente do STF Cármen Lúcia. Relembre na palestra proferida abaixo:

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