Vereadores de Diadema reajustam próprio salário; presidente da Câmara minimiza ação

  • Por Fernando Ciupka/Jovem Pan
  • 20/09/2017 09h51 - Atualizado em 20/09/2017 09h52
Reprodução Marcos Michels afirmou que, desde que assumiu o cargo de presidente da Câmara Municipal de Diadema, em janeiro de 2017, a Casa vem reduzindo diversos custos que possibilitaram o reajuste dos funcionários e também dos vereadores

A Câmara Municipal de Diadema promoveu na última quinta-feira (14) um reajuste de 2,45% no salário dos próprios vereadores, além de 4,76% nos vencimentos dos funcionários públicos da Casa. Com isso, o salário dos vereadores passa de R$ 10.192,10 para R$ 10.441,80. Em entrevista exclusiva à Jovem Pan, o presidente da Câmara, o vereador Marcos Michels (PSB), disse concordar com o aumento, já que há cinco anos não se tem o reajuste.

“Correto ele é (o aumento). Os vereadores não têm aumento desde 2012. Somando tudo, o sindicato e a comissão dos funcionários, eles gostariam de chegar a 13%. Ter um ganho real, acima da inflação. E isso a gente veio trabalhando, mas não é possível. Então, a gente conseguiu zerar a inflação do último período, que foi os 4,76%, e aí a gente gostaria de ter dividido aqueles 7% (margem de atrasados de 2016) em algumas parcelas, mas não conseguimos. Conseguimos dar 2,45%”, explicou o vereador.

Marcos Michels afirmou que, desde que assumiu o cargo de presidente da Câmara Municipal de Diadema, em janeiro de 2017, a Casa vem reduzindo diversos custos que possibilitaram o reajuste dos funcionários e também dos vereadores. Como, por exemplo, o corte de uma empresa terceirizada para digitalização e impressão de documentos, e redução de valores na manutenção e combustível de automóveis da Câmara.

De acordo com o vereador, foram compradas máquinas de scanner e impressão para este trabalho ser realizado no próprio local ao invés de ser feito por terceiros, e também um novo contrato no que diz respeito aos veículos da Câmara.

“Aluguei uma sala para que a gente possa trazer esses documentos. Então a gente só vai ter o custo do aluguel. No montante, no ano, chegaria próximo a R$ 300 mil, agora vai ficar em torno de uns R$ 40 mil no ano. (…) Esse ano já foi investido R$ 96 mil (com os automóveis). Ano passado o número chegava a R$ 309 mil. Estamos fazendo agora um novo contrato de licitação para manutenção dos automóveis pra ver se fica mais em conta ainda pro ano que vem”, contou o vereador.

“Nesse corte que estamos fazendo, começa a sobrar um pouco mais de recurso para poder dar o aumento para os funcionários, senão não seria possível”, completou.

Michels minimizou ainda o fato de o reajuste ter sido votado em regime de urgência. Segundo ele, a votação era para ter sido colocada em pauta no começo da semana passada.

“No começo do mês já era pra ter colocado na pauta. Só que eu precisava passar essas informações para o sindicato e funcionários, que deveriam fazer uma assembleia pra ver se aceitava a proposta. Isso foi semana passada, era pra ser na semana anterior. Mas o documento não ficou pronto. Eles adiaram a assembleia deles e fizeram um dia antes da sessão e aceitaram”, disse Michels.

O vereador afirmou que vem trabalhando desde o começo do ano com relação às contas da Câmara de Diadema e deve conseguir uma economia entre R$ 500 mil e R$ 600 mil nos custos.

Em nota, a assessoria de imprensa do prefeito de Diadema Lauro Michels afirmou que “a Câmara Municipal de Vereadores é um órgão independente e cabe aos vereadores a prerrogativa sobre seus vencimentos.”

Jovem Pan tentou entrar em contato com o relator do projeto de reajuste, Salek Aparecido Almeida (DEM), mas o gabinete do vereador informou que ele possui reuniões nesta semana e não poderia conversar a reportagem. Já o gabinete do vereador Audair Leonel (PPS), responsável pela leitura do texto na última quinta-feira, havia marcado uma entrevista para esta terça-feira, mas disse que ele teve um compromisso na cidade de Ilha Bela e também não poderia falar.

O lado da população

A ação dos políticos causou a revolta da população da cidade e estimulou até a criação de um abaixo-assinado, que pede a redução do salário dos representantes da cidade para R$ 2.298,80, valor recebido pelos professores.

De acordo com o comerciante Eduardo Araújo, um dos responsáveis pela elaboração da petição, é “inacreditável” um político reivindicar aumento diante dos diversos problemas que a cidade enfrenta.

“Essa Legislatura começou em 2017, ou seja, é para o período de 2017 a 2020. Quem entrou, já sabia do salário. Não é justo inúmeros Munícipes em situações precárias, pessoas em situação de rua, saúde péssima e vários outros problemas. Está na hora de revertemos a situação e que os impostos sejam transformados em benefícios para os que mais precisam, os cidadãos de Diadema”, disse o comerciante.

A fotógrafa Carla Santana, uma moradora que também assinou o abaixo-assinado, se disse indignada com a “falta de consideração” dos vereadores.

“O que deixa a gente mais indignada é a falta de consideração, a falta de senso desses políticos. Eles não estão vendo o que está acontecendo com o país? Com a cidade que eles dizem que ajudam a melhorar? Olha pra Diadema, quantos desempregados, quantas firmas fecharam, quantas lojas fecharam… e isso eles não estão vendo? Não se cansam de não lutar com a gente, com o povo. Poxa vamos trabalhar juntos, não por partido, e sim pelo o que é bom para a população. Está na hora de trabalhar por nós”, desabafou.

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