Projeções da economia brasileira pioram

  • Por Jovem Pan
  • 26/01/2015 15h50

As projeções para a economia brasileira, em termos de crescimento e inflação, pioraram muito desde o começo do ano e ainda nem chegamos ao final de janeiro. São as condições atuais da economia e as medidas de ajuste lançadas pelo governo que levaram a isso. Muitos argumentam que o mercado sempre erra. Portanto, as projeções não deveriam ser levadas a sério. E o mercado erra mesmo. Só que empresas, consumidores e o governo sempre têm de trabalhar com previsões até pra poderem agir e evitar o pior, que as projeções mais negativas se confirmem. Problema mesmo é quando essas ações não ocorrem, medidas defensivas não são adotadas, e o cenário só piora, como ocorreu nos últimos anos.E como ainda podemos ver neste ano, no que se refere à energia, ao fornecimento de água e às implicações da Lava Jato.

As últimas projeções do mercado financeiro, de acordo com o relatório Focus, divulgado pelo Banco Central, apontam para uma expansão do PIB este ano de apenas 0,13%, com a inflação (variação do IPCA) prevista 6,99%. Como prever uma situação diferente com o tarifaço que estamos tendo, com aumentos pesados de energia e tarifas de transportes, com impostos que vão entrar na formação de preços, como no caso dos combustíveis. Isso vai jogar mesmo a inflação para cima. Neste e no próximo mês a inflação mensal deve passar de 1%.

Por outro lado, a inflação mais alta, com juros e impostos mais elevados, menos investimentos do governo, menor liberação do crédito, dificuldades de concorrência das empresas brasileiras, até pelo aumento dos custos, menos investimentos do setor privado, cauteloso diante da perspectiva de demanda mais fraca, só podem levar a um crescimento muito fraco da economia. Todo mundo está com o pé no freio.

Situação que só se agrava diante do risco de um racionamento mais sério de água no Sudeste, de apagões ou mesmo de um racionamento também de energia, fora o custo elevadíssimo. As tarifas ainda vão subir bastante ao longo deste ano. Mas, se houver um racionamento de energia, projeções apontam para uma retração de até 2% da economia brasileira este ano. E ainda há muita dúvida quanto ao impacto que o envolvimento das empreiteiras na operação Lava Jato poderá ter sobre a atividade econômica. Obras atrasadas ou paralisadas, adiamento de novos projetos de infraestrutura, demissões, atraso no pagamento de fornecedores e de dívidas junto ao sistema financeiro podem prejudicar muito a já ruim expectativa de desempenho da nossa economia. Sendo que a aceleração de projetos de infraestrutura é uma das poucas oportunidades que teríamos de dar um fôlego extra à economia brasileira em meio a todo o ajuste promovido pela equipe econômica que terá um, inevitável, efeito contracionista.

Correções de rota podem ocorrer. Uma eficácia maior do lado da concessões, por exemplo, ou uma simplificação de impostos favoreceriam a atividade. A desaceleração da demanda pode acabar contribuindo para uma evolução melhor da inflação., Com mercado consumidor mais fraco, a tendência seria o comércio e indústria segurarem preços, margens de ganho, para não complicar ainda mais a situação. Mas são suposições. Se ocorreram, as projeções podem não se confirmar, e o cenário ficar um pouco melhor do que está sendo previsto. Tomara que isso ocorra. Acho que a torcida nunca foi tão grande para que as projeções não se confirmem.

De qualquer modo, é melhor trabalhar com o que temos, tanto na gestão das finanças pessoais como das empresas; contando até com um quadro ainda pior. Melhor ser realista, cauteloso, do que esperar “milagres”, apostar na sorte, ser exageradamente otimista, como fez o governo nos últimos anos e, depois, ser atropelado pela realidade.

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