PSDB tenta acordo para presidir a Câmara

  • Por Estadão Conteúdo
  • 01/07/2016 09h23
Wilson Dias / Agência Brasil Câmara vota pauta-bomba (01º/06)

Em disputa com o grupo conhecido como Centrão (PP, PSD, PR e PTB) pelo comando da Câmara dos Deputados, integrantes da cúpula do PSDB passaram a defender maior aproximação de seus deputados com a bancada do PMDB. A ideia é construir um acordo para a sucessão do presidente e deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) que valha tanto para um possível mandato tampão como também para o biênio 2017-2018. 

Os dois partidos contam com uma bancada de 107 deputados, mas com potencial de chegar a mais de 140 com a participação do DEM e PPS. Na última quinta-feira (30), integrantes dos três partidos vieram a público “rechaçar” a realização de um acordo para indicar um deputado ligado a Cunha para um eventual mandato provisório. Com um aliado no comando da Casa, o peemedebista acredita que poderá se livrar da cassação, “é uma aberração. Não acho que esse tipo de acordo consiga juntar nem 50 deputados porque há uma maioria esmagadora afeta à cassação dele. É o tipo de negociação que não acredito que tenha respaldo dentro do próprio Centrão”, afirmou o primeiro vice-líder do PSDB, deputado Daniel Coelho (PE). 

“Não vi nenhuma liderança do DEM, do PSDB, do PPS defender algo nesse sentido. Não há essa hipótese”, ressaltou o vice-presidente do DEM, deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA).

Racha

Um possível racha dentro do Centrão na disputa pelo comando da Casa também tem sido acompanhado de perto pela cúpula tucana. Uma reunião para afinar a estratégia dos partidos da antiga oposição deve ocorrer, já na próxima semana, com o objetivo de manter a aliança unida na disputa pelo comando. A ideia é também ratificar o distanciamento de Eduardo Cunha, que também passou a ser visto como um problema pela cúpula do Palácio do Planalto. 

O aprofundamento do mal-estar com a permanência do parlamentar no cargo foi externado, também na quinta, pelo líder do governo, deputado André Moura (PSC-CE). Moura defendeu ao Estado que, seja pela via da cassação do mandato ou pela renúncia, a instabilidade política na Câmara não pode mais perdurar, “tenho certeza que passou da hora de encontrar a solução para o problema. Isso está prejudicando o País. Não temos mais alternativa”. As declarações do líder ocorreram apenas quatro dias depois de Cunha se encontrar com o presidente em exercício Michel Temer, no Palácio do Jaburu. 

No rastro do líder do governo, o membro da Mesa Diretora da Câmara, deputado Beto Mansur (PRB-SP), também reforçou o discurso de que a permanência de Cunha pode ter reflexos na governabilidade. Primeiro-secretário da Casa, Mansur defendeu que o impasse provocado pela situação do político não pode continuar atrapalhando o andamento dos trabalhos legislativos já que a Casa não está funcionando sob o comando do presidente interino Waldir Maranhão (PP-MA), “é importantíssimo que a gente dê um basta nisso”, pregou. 

Reviravoltas

Pelas redes sociais, Cunha voltou a dizer que não pretende renunciar. Integrantes da Comissão de Constituição e Justiça devem votar o recurso contra o processo de cassação aprovado no Conselho de Ética no passado dia 12. Como a expectativa é de que a cassação chegue ao plenário só na véspera do recesso parlamentar, os deputados só devem julgar o futuro do peemedebista em agosto, em quase simultaneidade ao julgamento definitivo de Dilma Rousseff. 

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