Anvisa alerta para risco de superbactérias no Brasil

  • Por Estadão Conteúdo
  • 01/10/2016 14h52
2004 Matthew J. Arduino, DRPH; Janice Carr This SEM depicts a highly magnified cluster of Gram-negative, non-motile Acinetobacter baumannii bacteria; Mag - 13331x. Members of the genus Acinetobacter are nonmotile rods, 1-1.5µm in diameter, and 1.5-2.5µm in length, becoming spherical in shape while in their stationary phase of growth. Acinetobacter spp. are widely distributed in nature, and are normal flora on the skin. Some members of the genus are important because they are an emerging cause of hospital acquired pulmonary, i.e., pneumoniae, hemopathic, and wound infections. Divulgação/Wikimedia Commons Acinetobacter baumannii

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai divulgar na próxima semana um alerta sobre a confirmação da presença no Brasil de bactérias portadoras do gene mcr-1, capaz de torná-las imunes à Colistina, uma classe de antibióticos considerada como a última arma para combater bactérias multirresistentes. O comunicado de risco será encaminhado para todos os hospitais com leitos de unidade de terapia intensiva.

No documento, a Anvisa reforça a necessidade de equipes de saúde ficarem atentas para o risco, lista quais medidas são necessárias para diagnóstico e quais providências devem ser adotadas no caso de confirmação da presença de bactérias portadoras desse gene. Foram confirmados no Brasil até o momento três pacientes contaminados pela bactéria Escherichia coli, portadora da mutação – dois casos em São Paulo e um no Rio Grande do Norte. Há ainda outros três casos em análise, no Instituto Adolfo Lutz, de São Paulo.

“Estamos preocupados. Uma das últimas armas que temos para combater infecções multirresistentes pode tornar-se também inútil”, afirmou a gerente da área de Vigilância e Monitoramento da Anvisa, Magda Machado de Miranda. “Ficaríamos sem opção terapêutica”, completou. Magda aponta ainda outro risco envolvendo o gene mcr-1. “Seu poder de transmissão é muito alto. Há possibilidade de ele se transferir de uma espécie bacteriana para outra.”

O coordenador de Controle de Doenças da Secretaria de Saúde de São Paulo, Marcos Boulos, afirmou que, entre os casos confirmados no Estado, um foi detectado no Hospital das Clínicas, em março. “O achado é muito importante. É preciso agora reforçar o alerta para que profissionais e instituições redobrem os cuidados para identificação de controle de casos suspeitos”, completou.

Pelo mundo

O gene mcr-1 foi descoberto na China. Países da Europa, África e Ásia já confirmaram a presença de bactérias com essa mutação. “O gene não significa, por si só, que a bactéria será multirresistente”, explicou o gerente de tecnologia e serviços de saúde, Diogo Soares. Ele compara o gene mcr-1 a uma armadura, que pode ser usada para proteger a bactéria do ataque de antibióticos. “A ferramenta está disponível. Basta agora que a bactéria faça uso da nova proteção.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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