Medo da população compromete distribuição de vacina contra febre amarela

  • Por Jovem Pan
  • 11/04/2017 07h31
vacina - febre amarela EFE vacina - febre amarela

A procura pela vacina de febre amarela continua intensa, apesar dos insistentes alertas das autoridades de saúde que ressaltam: a indicação é restrita. Cada Estado e município adota uma estratégia de imunização.

Rio de Janeiro e Minas Gerais, por exemplo, decidiram distribuir doses para toda a população, mas de forma escalonada iniciando pelas áreas de mata e rurais, onde há maior risco.

Ainda assim, quem mora nos centros urbanos seguem madrugando nas filas dos postos de saúde com medo de ser contaminado pelo vírus, que só é transmitido por dois mosquitos que não existem nas grandes cidades. E sem o inseto, a doença não se espalha. Mas os avisos são ignorados.

Mesmo sem ter a intenção de viajar para áreas endêmicas, milhares de pessoas procuram diariamente a rede pública, sobrecarregando o atendimento.

Além disso, comprometem a estratégia de imunização, segundo o secretário da Saúde de São Paulo, David Uip.

Em São Paulo, onde foram registradas 9 mortes, a última na região de Campinas, a vacina é indicada apenas onde há casos confirmados.

Outro exemplo promovido pelo medo de ficar doente ocorre na capital paulista.

O infectologista Jean Gorinchteyn admitiu que aumentou a procura pela dose de reforço da vacina de febre amarela após a mudança da regra.

Na semana passada, o Ministério da Saúde decidiu adotar uma recomendação da Organização Mundial da Saúde, que considera suficiente apenas uma dose para imunizar uma pessoa por toda a vida.

Mas a desconfiança já gera um novo desperdício no Hospital Emílio Ribas, uma referência no País, que já planeja atender a demanda apenas com agendamento de horário: “nós temos pessoas que a despeito disso e tenham tomado a vacina há 10 anos, estão procurando os postos de vacina. Elas não estariam em risco e fazem com que aqueles que seriam elegíveis para vacinação possam não recebê-la”.

Segundo o Ministério da Saúde, há 604 casos confirmados da doença e 202 mortes neste ano. A maioria foi registrada nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo e Pará.

Hoje a vacina é indicada para quem mora ou vai viajar para regiões rurais de risco dez dias antes da partida. As crianças podem ser imunizadas a partir dos nove meses.

Idosos, gestantes, bebês com menos de seis meses, alérgicos a ovo e imunodeprimidos por doenças como câncer e Aids ou por tratamentos como radioterapia. Pessoas com doenças autoimunes como lúpus devem ser avaliadas caso a caso.

A dose é de graça na rede pública, mas também é vendida nas clínicas particulares por 250 reais.

E quando alguém que não tem indicação insiste em ser imunizado, compromete à distribuição das doses produzidas de forma recorde pelo Instituto Bio-Manguinhos, da Fiocruz, principal fornecedor do Governo e do mundo.

Só neste ano foram mais de 20 milhões de doses extras e um carregamento inteiro encomendado pela ONU cancelado só para atender a demanda interna brasileira.

*Informações da repórter Carolina Ercolin

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