Suspeita de ebola impede cruzeiro de atracar em Belize e no México

  • Por Agencia EFE
  • 18/10/2014 00h58

Cidade do México, 17 out (EFE).- O nervosismo em torno de uma possível expansão do ebola na América impediu que um cruzeiro no qual viajava uma passageira que esteve em contato com a primeira vítima mortal do vírus nos Estados Unidos atracasse em duas de suas escalas: Belize e México.

O navio já está a caminho de Galveston (Texas), após ter recebido uma resposta negativa de parar nos destinos programados, embora as autoridades apresentem versões contraditórias sobre as razões que fizeram o cruzeiro retornar e o número de pessoas que estão isoladas nesse momento por causa de um possível contágio.

O alerta sanitário foi emitido primeiro em Belize depois que o Centro de Controle de Prevenção de Doenças (CDC) detectou que uma das passageiras do navio era uma técnica do laboratório do Hospital Presbiteriano de Dallas (Texas), onde morreu o liberiano Thomas Eric Duncan, a primeira vítima mortal do ebola nos EUA.

Mais tarde, as autoridades mexicanas, que também já tinham sido informadas da situação, vetaram a atracação do navio na ilha de Cozumel, programada para às 6h30 no horário local (8h30 de Brasília). O cruzeiro, da empresa Carnival, partiu então rumo a Galveston.

Voluntariamente, a mulher pediu para ser isolada como forma de prevenção, mesmo “sem apresentar nenhum sintoma da doença”, informou à Agência Efe o diretor da Administração Portuária Integral de Quintana Roo, Erce Barrón.

Passaram pelo cruzeiro, que iniciou seu trajeto pelo Caribe em Galveston no último dia 12 deste mês, 4.633 pessoas, das quais 3.652 são turistas.

A Carnival garantiu em comunicado que a passageira, que manipulou amostras de urina do liberiano, “não representa nenhum risco para as pessoas ou para tripulação a bordo”.

Da mesma forma, a empresa negou que a mulher tenha apresentado algum sinal de infecção e informou que já se passaram 19 dias desde que ela lidou com o material colhido do paciente.

A porta-voz adjunta do Departamento de Estado dos EUA, Marie Harf, confirmou que o navio está a caminho do território americano e chegará ao Texas no próximo domingo.

No entanto, ela indicou que são dois os cidadãos isolados por causa de um possível contágio por ebola: a própria técnica de laboratório e seu acompanhante.

Segundo Harf, os EUA tentaram repatriar ambos durante a escala do cruzeiro em Belize, mas o governo local não permitiu a intervenção.

O subsecretário de Prevenção e Promoção da Saúde do México, Pablo Kuri, disse à imprensa que as autoridades do país não vetaram o navio de atracar em solo mexicano.

“A decisão foi deles próprios”, ressaltou, antes de dizer que o retorno da embarcação foi motivado pela “inquietação” vivida a bordo.

Durante toda a entrevista, Kuri disse que apenas a técnica de laboratório estava isolada no navio, não mencionando a quarentena de seu companheiro.

Além disso, ele garantiu que, segundo o protocolo estabelecido no México, “só haveria suspeita” de um possível caso de ebola se as pessoas tivessem chegado, exclusivamente, da Libéria, Guiné ou Serra Leoa. Não há restrição de viagens com origens nesses país, mas foram feitas “recomendações” para as autoridades mexicanas.

Também não seria classificado como “suspeito” alguém que viesse dos EUA ou da Espanha, dois países onde já ocorreram infecções.

“Em ambos os países, o número de doentes é reduzido e está muito bem localizado”, disse Kuri. EFE

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