Zika fez crescer pedido de pílulas abortivas, diz estudo

  • Por Estadão Conteúdo
  • 23/06/2016 12h05
Cynthia Goldsmith / CDC Imagem de microscópio eletrônico do vírus da zika (pontos pretos) em tecido humano

A preocupação com as complicações na gravidez relacionadas ao vírus zika aumentou a demanda por abortos em países da América Latina, com destaque para o Brasil, de acordo com um novo estudo, publicado na última quarta-feira (22), pela revista científica New England Journal of Medicine.

Os cientistas avaliaram os pedidos, feitos pela internet, à ONG holandesa Women on Web (WoW). A organização fornece acesso gratuito a medicamentos abortivos em países onde o aborto seguro não está universalmente disponível por ser ilegal ou aceito com restrições.

De acordo com os cientistas, em quase todos os países onde há epidemia de zika e restrições legais ao aborto, o número de pedidos para o auxílio ao procedimento foi bem maior que o esperado. No Brasil, no Equador e na Venezuela, os pedidos à ONG somam o dobro da expectativa.

Os pesquisadores analisaram os pedidos feitos ao órgão desde 17 de novembro de 2015, quando a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) declarou alerta epidemiológico para a zika no continente, sendo medido até o dia 2 de março de 2016.

Segundo o estudo, antes do alerta da Opas, a expectativa era de 581 pedidos de brasileiras nesse período. Mas, depois do alerta, foram feitos 1.210 pedidos, uma diferença de 108%.

Nos países onde não houve alertas de saúde relacionados à zika, as diferenças entre o número esperado e o número real de pedidos de aborto no período foram estatisticamente irrelevantes, segundo o estudo.

“É difícil obter dados confiáveis sobre as escolhas das mulheres grávidas na América Latina. Portanto, nossa abordagem pode estar subestimando o impacto do alerta de saúde pública sobre os pedidos de aborto, já que muitas mulheres podem ter utilizado métodos inseguros ou terem recorrido a fornecedores clandestinos”, disse uma das autoras do estudo, Abigail Aiken, da Universidade do Texas, em Austin, nos Estados Unidos.

Outra autora, Catherine Aiken, da Universidade de Cambridge (Reino Unido), destacou que a Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê 4 milhões de casos de zika nas Américas, o que fará com que o vírus, inevitavelmente, se alastre para novos países.

Brasil

Na passada quarta-feira (22), o Ministério da Saúde informou, em boletim, que já foram confirmados 1.616 casos de bebês com microcefalia desde o início do avanço da zika, em outubro de 2015.

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