Vitória de Cameron desconcerta empresas britânicas de pesquisa de opinião

  • Por Agencia EFE
  • 14/05/2015 16h02

Guillermo Ximenis.

Londres, 8 mai (EFE).- A larga vantagem obtida nas eleições gerais do Reino Unido pelo Partido Conservador, de David Cameron, desconcertou as empresas de pesquisas de opinião do país, que até ontem à noite previam um resultado muito equilibrado entre esta legenda e o Partido Trabalhista.

Durante meses as pesquisas apontavam que o pleito levaria a complexas negociações para a tentativa de formação de um governo estável, um cenário que ruiu ontem à noite, apenas um minuto depois do fechamento dos colégios eleitorais, quando foi divulgada a primeira pesquisa de boca de urna.

A enquete indicava uma grande maioria de votos conquistados pelos “tories” (conservadores) – não uma maioria absoluta naquele momento, mas uma surpresa que surpreendeu todo o país, e especialmente os trabalhistas, que não demoraram a tachar a pesquisa como “errônea”.

Se algo falhou, no entanto, foi o prognóstico das empresas, que não captou a magnitude da vitória do partido de Cameron. E isso motivou o British Polling Council, associação que agrupa as empresas demoscópicas do país, a abrir uma investigação sobre os métodos que são utilizados para determinar as intenções de voto.

“O fato de que as pesquisas tenham subestimado a liderança dos conservadores sobre os trabalhistas sugere que os métodos que foram usados devem ser revisados com atenção em uma investigação independente”, disse a associação em comunicado.

Antecipar o resultado de um pleito no Reino Unido é especialmente complexo devido ao particular sistema eleitoral britânico, que divide o país em 650 distritos, e cada um elege um deputado e descarta os demais candidatos.

Esse mecanismo faz com que a porcentagem de votos de uma legenda no conjunto do país não seja refletida necessariamente no número de cadeiras que ocupa na Câmara dos Comuns, tal como ocorreu com o populista e eurofóbico Partido pela Independência do Reino Unido (UKIP), que terá apenas uma cadeira na Câmara, apesar de ter obtido 12,6% dos votos.

Stephan Shakespeare, diretor-executivo da YouGov, que na véspera do pleito, anteontem, alardeava um empate entre trabalhistas e conservadores com 34% dos votos, admitiu no começo da manhã de hoje que esta foi “uma noite terrível para os pesquisadores”.

“Peço perdão por este pobre resultado. Devemos determinar por que (ele ocorreu)”, afirmou Shakespeare no Twitter, em uma mensagem similar à feita pela empresa Populus, que poucas horas antes das eleições também previa um empate com 35% para ambos os partidos.

“Os resultados eleitorais trazem sérias preocupações a todas as empresas de pesquisas. Vamos reavaliar nossos métodos e já pedimos ao British Polling Council para iniciar uma revisão”, apontou a empresa.

Alguns comentaristas políticos britânicos comentaram que possivelmente parte do eleitorado “tory” seja reticente a admitir a um pesquisador em quem votou, o que distorceria os resultados.

O único acerto das enquetes eleitorais aconteceu nos distritos da Escócia, onde o Partido Nacionalista Escocês (SNP) cumpriu as expectativas de conseguir boa parte dos 59 cadeiras em jogo e tirar do mapa os trabalhistas na região. EFE

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