Será que já não está na hora?

  • Por Jovem Pan
  • 25/11/2014 14h20

O governo federal conseguiu ontem a aprovação na Comissão Mista de Orçamento da mudança da Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Na prática, o governo admitiu que gastou mais do que podia, não cumpriu as metas fiscais de economia para pagar a dívida pública e, por fim, desrespeitou a lei.

Por isso, fez uma proposta de mudança da lei. Como não cumpriu a lei que existe, aprova-se outra.

O texto ainda terá de passar pelo plenário do Congresso.

E o argumento dos que defendem a mudança da lei que será rasgada é que se acaso não for aprovada o país poderia entrar em uma crise institucional com possibilidade de processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

O outro lado, no qual me coloco, se preocupa com o tamanho do estrago na já abalada credibilidade do país depois da sucessão de contabilidades criativas, sempre com alteração da regra do jogo com o jogo em andamento.

Apesar do temor de crise institucional e a natural inapetência brasileira para o enfrentamento, me pergunto se não é o caso de passarmos por isso, por mais duro que seja.

Já não é hora de pagarmos os custos das irresponsabilidades presentes e irmos adiante mais comprometidos com os fatos de hoje e olhando para o futuro?

Uma crise institucional com crime de responsabilidade sobre a presidente re-eleita é ruim. Óbvio que é. Preocupante, com possiblidade de convulsão social.

Mas se mantivermos o nosso estilo de nunca enfrentar de vez as coisas no momento em que elas acontecem, como seremos no futuro?

Sempre o país do jeitinho e institucionalmente pouco confiável?

Porque a aprovação da alteração da LDO, que tira do governo o peso da responsabilidade não assumida, está sendo feita com o Congresso com nova negociação com os partidos da base para cargos no próximo governo de Dilma.

Ou seja, o “toma lá, dá cá”.

Mas o que estamos oferecendo e o que estamos recebendo?

Ao que parece, estaremos rasgando a lei para não provocar convulsões sociais hoje.

Mas que tipo de país e sociedade estaremos entregando para as próximas gerações.

Já não está na hora de enfrentarmos isso tudo hoje?

O futuro se escreve com o presente.

 

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