12 anos separam dois espetáculos da barbárie e do terror islâmico
Daniel Pearl
Daniel PearlPouco mais de 12 anos separam dois espetáculos da barbárie e do terror islâmico. Dois jornalistas americanos, duas decapitações, dois vídeos.
Em 22 de fevereiro de 2002, o consulado americano em Karachi, no Paquistão, recebeu o vídeo da execução de Daniel Pearl, repórter do The Wall Street Journal, que fora sequestrado um mês antes por militantes locais e entregue à rede Al Qaeda para sua execução.
Um vídeo hoje não precisa de ser entregue fisicamente. Na terça-feira, militantes do Estado Islâmico (EA) divulgaram no Youtube a execução do jornalista americano James Foley, que estava desaparecido na Síria desde novembro de 2012.
A situação é tão absurda, que existe um debate sobre métodos de barbárie. Divulgações de decapitações e crucificações são componentes proeminentes na atuação do Estado Islâmico, não somente como intimidação, mas para o recrutamento de militantes.
A Al Qaeda parece um grupo de escoteiros diante dos novos astros da barbárie. O temor de Caio Blinder, confessa, é de que
a Al Qaeda tente “recuperar o tempo perdido”.
Em 2005, Ayman al-Zawahiri, então vice da Al Qaeda e agora chefe da gangue, mandou uma carta a Abu Musab al-Zarqawi, líder do grupo no Iraque (que na sua mutação deu no atual Estado Islâmico), dizendo que não deveriam mais serem divulgadas imagens de execuções de reféns.
Nas palavras de Zawahiri: “Muçulmanos nunca vão considerar as imagens palatáveis”. E os não muçulmanos?
Muitos recrutas do Estado Islâmico são jovens criados no Ocidente, que provavelmente assistiram na Internet a vídeos de degola e a outros atos de violência exacerbada antes de se juntarem a grupos extremistas. O assassino que aparece no vídeo com a vítima James Foley tem um sotaque britânico.
Eu sou contra a divulgação de imagens de execuções que promovem a causa de terroristas. Sou a favor do blecaute nas mídias sociais do material de ódio e propaganda do Estado Islâmico e similares.
Que em todas as partes do mundo, além de meramente viverem, jornalistas como Daniel Pearl e James Foley possam trabalhar com segurança, liberdade e dignidade.
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