As afinidades entre Maduro e Stálin além do bigode

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan Nova Iorque
  • 03/05/2017 10h14
EFE/PRENSA MIRAFLORES Presidente da Venezuela (ao fundo) discursa na capital Caracas

Uma Assembleia Nacional Constituinte está em curso nas ruas da Venezuela, com a mobilização permanente e intensa da oposição contra o chavismo. São deliberações que refletem hoje as aspirações legítimas do povo da Venezuela para que seja criada uma nova ordem, diante da falência em todos os sentidos da vigente.

Diante desta pressão da oposição e da população em geral, o regime chavista, hoje quase uma ditadura escancarada, recorre a subterfúgios para conseguir uma sobrevida no poder e se esquivar da única coisa decente que poderia fazer: permitir eleições livres.

O novo lance foi o golpe político de Nicolás Maduro anunciado na segunda-feira de convocação de uma assembleia nacional constituinte, que no final das contas não passaria de um soviete ao estilo marxista-leninista. Maduro tem mais afinidades com Stálin, além do bigodão.

Maduro recorre a uma bizarra jurisprudência para alegar que esta assembleia é “supraconstitucional”, ou seja, emana diretamente da soberania popular, não podendo ser revista pelos outros poderes constituídos, a destacar a capenga Assembleia Nacional, o único poder nas mãos da oposição.

Os integrantes desta assembleia seriam escolhidos desta coisa opaca chamada povo e não dos partidos políticos. Por povo, entenda-se o aparato de poder, da burocracia e da militância do chavismo. A nova Constituição seria redigida por 500 delegados, metade dos quais pertencentes ao Parlamento Nacional Comunal, a estrutura paralela criada pelo chavismo depois que perdeu o controle da Assembleia Nacional no final de 2015.

Esta assembleia constituinte (e insisto em escrever em letras minúsculas) poderia fazer o que bem entender, inclusive dissolver a Assembleia Nacional. Seu objetivo supremo seria cristalizar uma “democracia do proletariado”, ao estilo soviético ou, na sua mutação ainda viva, ao estilo cubano. O efeito: acabar com as últimas frescuras da democracia burguesa e implantar uma plena ditadura.

O plano obviamente serve para atiçar ainda mais a oposição e não parece muito perspicaz. Duela com a Assembleia Constituinte formada nas ruas das cidades venezuelanas. No seu desespero e venalidade para se aferrar ao poder, o chavismo conduz a Venezuela para uma guerra civil.

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