Amargura de Trump contrasta com confiança de Hillary

  • Por Jovem Pan
  • 22/10/2016 10h42

Hillary Clinton e Donald Trump durante segundo debate eleitoral nos EUA

EFE/EPA/ANDREW GOMBERT Hillary Clinton e Donald Trump durante segundo debate eleitoral nos EUA - EFE

A amargura e o mimimi de Donald Trump prenunciam uma derrota, talvez humilhante, em 8 de novembro. Hillary Clinton, a política travada, está um pouco mais relaxada e confiante, mas sabe que não pode ser complacente, dar bobeira.

Animar as bases para votar é essencial neste ciclo eleitoral desolador. Trump, mais transloucado do que nunca, tem uma tática de desespero que é mais difícil de racionalizar do que nunca: tornar a eleição ainda mais negativa para desmotivar eleitores relutantes a apoiar Hilary a cravarem o voto. No entanto, com sua lenga-lenga, sem evidências, de uma vasta fraude eleitoral para impedir sua vitória, Trump pode ser vítima de uma profecia auto-realizável. Muitos dos seus eleitores podem pensar: para que votar? É marmelada.

A mensagem de Trump é negativa e Hillary segue com dificuldades para transmitir uma mensagem positiva. Ela chega na reta final carregando bagagem pesada como política ardilosa e desonesta. Sua mensagem essencial segue sendo: o outro é pior, eu sou o menor dos males. É verdade que existem indícios agora de um maior entusiasmo na base de Hillary do que na de Trump. Obviamente, só saberemos com os resultados.

Eu dou meu voto ao eleitor. Não está fácil acompanhar e tomar partido nesta campanha que corresponde às expectativas de que seria brutal, suja, no esgoto. Ter humor e ser autodepreciativo num clima como este é dose, mas são mecanismos necessários de autopreservação.

Trump, obviamente, não sabe a medida. Basta ver o que aconteceu no jantar beneficiente católico na quinta-feira à noite em Nova York, no qual ele esteve presente junto com Hillary Clinton. O ritual deste jantar beneficente é um político carregar mais no humor autodepreciativo. Apesar do seu ego da altura de suas torres, Trump optou por desferir seus golpes muito mais contra Hillary do que contra si mesmo. Em cena inédita (são tantas neste ciclo eleitoral), ele foi vaiado.

Mas o eleitor faz o que pode para ser autodepreciativo. Hillary foi infeliz quando num jantar de arrecadação de fundos tacou os eleitores de Trump numa “cesta de deploráveis”. Pediu desculpas, mas o estrago foi feito. Eleitores de Trump não deixam por menos e circulam com a camiseta com a frase “eu sou deplorável”.

Trump no debate de quarta-feira chamou Hillary de “mulher asquerosa”. Não pediu desculpas, é claro. E eleitoras de Hillary tampouco perdoam e circulam com a camiseta com a frase “mulher asquerosa”.

A campanha de fato está deplorável e asquerosa. Perdão pela amargura e falta de humor no arremate.

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