Assad avança sobre Aleppo, mas Síria continua agoniando sem fronteiras

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan Nova Iorque
  • 01/12/2016 07h55
XNM 12 ALEPO (SIRIA), 29/11/2016.- Una madre con sus hijos que habían abandonado los distritos orientales de Alepo esperan la llegada de los autobuses que los devolverán a sus residencias originales en Siria, hoy, 29 de noviembre de 2016. Miles de personas, procedentes de los barrios del este de la ciudad siria de Alepo (norte), fueron recibidas por personal del Ejército, que las ha transportado a lugares seguros. EFE/Str EFE/Str Mãe com seus filhos que haviam abandonado distritos orientais de Aleppo esperam ônibus para retornar a suas casas

O que há de novo para dizer sobre a frente síria? Pode piorar quando se consolida a sobrevida do regime de Bashar Assad. Os números são impressionantes e comovem mesmo um mundo anestesiado com o que acontece naquele país dilacerado pela guerra civil e barbárie praticada por tantos atores.

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Somente esta semana, pelo menos 20 mil pessoas (talvez 50 mil) fugiram de Aleppo diante do avanço das forças governamentais e aliados (como milícias xiitas iraquianas, contingentes iranianos, o libanês Hezbollah e os aviões de Vladimir Putin). O progresso de Assad na guerra civil é significativo e crucial na parte leste de Aleppo, controlada por jihadistas. Até ser dizimada, Aleppo era a maior cidade e centro comercial do país.

Mas além da urgente crise humanitária, a vitória de Assad em Aleppo pode ser o ponto de virada em seis anos de guerra civil e culminar na tomada total da cidade. E o plano é consumar a missão antes da posse de Donald Trump em janeiro, pois o presidente-eleito dos EUA se acomoda a um status quo de sobrevida de Assad, embora sua missão prioritária nunca tenha sido dizimar meramente o terror do Estado Islâmico, mas dizimar qualquer oposição.

E a vitória de Assad é uma vitória para Vladimir Putin, que assim se confirma como ator relevante no Oriente Médio. Vitória é claro também para o regime iraniano, patrono de Assad.

São, portanto, importantes vitórias militares e geopolíticas, mas nada disso significa o fim dos conflitos e da mortandade. Basta dizer que uma outra batalha se intensifica, a 40 quilômetros de Aleppo, na cidade de al-Bab, sob domínio do Estado Islâmico. E esta batalha dá uma medida não apenas do conflito, mas das agendas conflitantes. Em ação estão três coalizões internacionais.

Rebeldes sunitas sírios avançam com o apoio de tanques turcos, mas há o avanço também de curdos sírios apoiados pelos EUA. E o mesmo acontece com o Exército sírio respaldado por russos e iranianos. Um recuo do Estado Islâmico irá significar o combate por espólios.

Falando em espólios, Assad pode bravatear sua sobrevivência no poder, desafiando os prognósticos, mas o preço, na expressão do New York Times, é um corpo meio morto. E a Síria, como país de fronteiras formais, morreu.

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