Bashar al-Assad, o ditador-enforcador, gosta do que está vendo

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan
  • 08/02/2017 05h56
Reprodução/ Youtube/Syrian Presidency Presidente Sírio Bashar Al-Assad deu entrevista à TV oficial do País

O ditador-enforcador Bashar al-Assad gosta do que está vendo. Considera promissor Donald Trump na Casa Branca e está otimista sobre cooperação EUA/Rússia no combate ao terror do Estado Islâmico. Trump sugeriu cortar a ajuda de Washington a outros grupos rebeldes sírios que combatem Assad, mais um motivo de satisfação ao ditador-enforcador, cuja prioridade nunca foi combater o Estado Islâmico.

Com a ajuda dos bombardeios aéreos russos, Assad teve uma positiva virada de ano. Seu regime recuperou território de rebeldes e ele aproveitou para deslanchar detenções em massas para esmagar a dissidência, ou quem ele considera dissidência, em regiões que estavam fora do seu controle por anos na guerra civil.

Um dos alvos preferenciais de Assad é a organização humanitária Capacetes Brancos. Desde que o regime retomou a cidade de Aleppo, foram presos médicos e enfermeiros que cuidaram de vítimas dos ataques das forças governamentais e bombardeios russos.

Nada de novo na frente oriental. Trata-se de um padrão de abuso genético da população síria, que era empreendido pelo papai Hafez e agora pelo filho Bashar. Na terça-feira, foi divulgado o relatório da Anistia Internacional com dados macabros sobre o que ela definiu como “politica de extermínio” na prisão militar de Saydnaya, onde ocorreram enforcamentos de até 13 mil prisioneiros, desde o início da insurreição contra o regime em março de 2011.

Pelo menos uma vez por semana, ou duas, prisioneiros foram executados no meio da noite em grupos de 50, de acordo com o relatório da Anistia Internacional, baseado em depoimentos de ex-detentos, guardas, juízes e advogados. Segundo o relatório, a imensa maioria dos enforcados eram civis contrários ao regime.

O número de 13 mil enforcamentos é o pior cenário. A estimativa mais otimista é a de 5 mil. A conta vai até dezembro de 2015 e a suposição é a de que o espetáculo macabro continua. A Anistia Internacional acredita que o programa de extermínio seja autorizado pelo alto escalão do regime.

O relatório serve de munição para os críticos do governo Trump, alarmados com sua desenvoltura para atuar sem escrúpulos com os russos e o regime Assad no combate ao Estado Islâmico. Nós já conhecemos a Doutrina Trump: Putin é um assassino, Assad é um assassino, mas quem não é?

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