Bem-vindos à era Trump

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan
  • 30/01/2017 05h58
EFE Donald Trump - EFE

O que Donald Trump esperava com suas ordens executivas e concretização de promessas de campanha eleitoral? Aplausos da Estátua da Liberdade? O fim de semana foi caótico e marcado por protestos e batalhas legais após a implementação da medida banindo temporariamente a entrada nos Estados Unidos de pessoas de sete países com população amplamente muçulmana, não apenas refugiados, mas até gente com residência legal no país.

De novo, o que o presidente esperava? Claro que os protestos iriam se alastrar, embora vamos deixar claro, Trump tem uma base, ainda disposta a perguntar de que andar deve saltar do prédio quando ele ordenar o pula?

Trump  não estendeu um ramo de oliveira a quem não votou nele, disparou o botão do dane-se e botou para quebrar. Nem pensar em se deslocar um pouco mais para o centro. Nada de mostrar sinal de fraqueza, especialmente quando sua legitimidade é questionada de forma incessante. A estratégia de Trump é simplesmente brutal, alvejando os mesmos suspeitos habituais da campanha, como o México, muçulmanos e a imprensa.

Amplos setores da sociedade civil estão mobilizados no que é definido como A Resistência, inclusive gente que deu os ombros na eleição de novembro. Como Trump não é chegado a compromissos e reprisa seu papel de provocador da campanha, os protestos também crescem.

Trump mistura o ativismo para assinar ordens executivas, o estilo bombástico e a mentirada de sempre atrelada a teorias conspiratórias, como na insistência de que milhões de imigrantes ilegais votaram em novembro em Hillary Clinton impedindo que ele triunfasse no voto popular e não apenas no Colégio Eleitoral.

Trump, o aprendiz de presidente, tem uma realidade bem diferente dos tempos em que chefiava uma empresa privada ou tocava um reality show. A sociedade civil é um bicho mais complicado e são dias de alta tensão e controvérsias.

A ironia é existe uma apatia política formal no país. Na eleição de novembro, o comparecimento foi miserável. Imagine, 42% dos votantes ficaram em casa. No entanto, existe esta efervescência social agora que Trump está na Casa Branca. A confluência do movimento dos direitos civis, a os protestos contra a guerra do Vietnã e a mobilização feministas fizeram dos anos 60 e 70 uma era de tumulto social e político nos Estados Unidos. Bem-vindos à era Trump.

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