Coalizão contra EI tem menos alcance global que a barbárie

  • Por Jovem Pan
  • 26/11/2015 16h47
EFE Presidente dos EUA

A França foi uma grande vítima do terror do movimento Estado Islâmico neste novembro, com os atentados de Paris e François Hollande, seu presidente, percorre o mundo em uma ofensiva diplomática ambiciosa. Ele quer costurar uma grande coalizão contra o Estado Islâmico, com Barack Obama e Vladimir Putin unidos ferreamente na causa. 

Parece fácil a união contra a barbárie, mas não é. Fácil é obter resolução unânime do Conselho de Segurança das Nações Unidas para que o mundo cerre fileiras na batalha contra os jihadistas ensandecidos que controlam um território na Síria e no Iraque. Tudo fácil da boca para fora. 
 
Na prática, os obstáculos estão aí. Basta ver a crise esta semana deflagrada pela derrubada de um avião russo por caças turcos na fronteira da Síria e Turquia. O governo turco, no que é negado por Moscou, diz que o avião invadiu seu espaço aéreo. De novo, vamos lembrar que a Turquia é tecnicamente aliada do Ocidente, pois integra a Otan, a aliança militar ocidental.
 
Na realidade, Estados Unidos e Rússia têm agendas diferentes na crise síria, sem falar de tantos outros atores envolvidos, sejam europeus, sejam árabes. 
 
A Rússia está à frente de uma coalizão integrada pelo xiita Irã, cujo principal objetivo é garantir a sobrevida do regime de Bashar al Assad, acossado pelo Estado Islâmico e outros grupos rebeldes em uma guerra civil que já causou mais de 200 mil mortes. 
 
Já os Estados Unidos lideram uma coalizão contra o Estado Islâmico integrada em tese por potências sunitas como Arábia Saudita e Turquia, mas a prioridade desses países é derrubar Assad. Para os ocidentais, é difícil imaginar uma solução para a crise com Assad no poder. Os russos têm as posições do Estado Islâmico como alvos secundários. A prioridade são outros grupos rebeldes, como o alvejado durante o incidente do jato derrubado na terça-feira pelos turcos.
 
Nas últimas semanas, o Estado Islâmico realizou ataques terroristas no Líbano, no Egito e na França. Sua barbárie tem alcance global, mas o mesmo não acontece com a coalizão para dizimar o ensandecido grupo terrorista.

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