Confiança dos americanos no Governo foi se desgastando ao longo das décadas

  • Por Jovem Pan
  • 25/11/2015 14h31

Donald Trump reforça declarações xenófobas

Wikimedia commons Donald Trump

Para muita gente pode parecer um mistério o fenômeno Donald Trump. O bilionário bufão segue na liderança da corrida das primárias presidenciais republicanas apesar dos seus insultos, falta de conhecimento sobre assuntos e mentiras deslavadas.

Trump tem uma arma cada vez menos secreta: ele ecoa a fúria e a frustração de uma camada expressiva da população com o que está aí. Trump canaliza a raiva contra os políticos profissionais, contra qualquer governo.

E um estudo que acaba de ser divulgado confirma a fonte do fenômeno Donald Trump. Apenas 19 por cento dos americanos, cerca de 1 em 5, dizem que confiam no governo sempre ou na maior parte do tempo. Os americanos querem um governo eficiente, mas estão frustrados com os seus serviços e com o desempenho das autoridades. Os brasileiros sabem que não estou falando de coisas do outro mundo.

Nesta pesquisa feita pelo respeitado instituto Pew, o qual já citei aqui na Jovem Pan várias vezes, três em quatro pessoas dizem que os funcionários públicos colocam seus interesses acima dos interesses da nação. E tem mais: 55 por cento garantem que as pessoas comuns se sairiam melhor para resolver os problemas do que quem é eleito ou contratado para as funções.

Impressiona a queda vertiginosa da reputação do governo americano. A confiança estava em alta há meio século. Isto era favorecido por um clima de união nacional dos tempos da Guerra Fria. O inimigo número um, o comunismo, era bem definido. Eram também tempos de otimismo com o programa espacial e de prosperidade. O céu parecia ser o limite para a superpotência americana e sua população.

Lembram-se do que eu falei no comecinho do boletim? Apenas 19 por cento dos americanos confiam no governo. Em 1964, 77 por cento confiavam. Incrível.

A confiança foi se desgastando ao longo das décadas, com alguns altos e baixos. Tivemos a guerra do Vietnã, o escândalo Watergate, crise de energia, várias crises econômicas e paralisia decisória em Washington. Mais recentemente foram as guerras do Afeganistão e Iraque, além é claro da grande recessão em 2008. Barack Obama ganhou sua primeira eleição em 2008 em meio à polarização partidária, mas com altas expectativas. A polarização continua e as expectativas foram revertidas. E esta pesquisa confirma algo: hoje há muito mais desconfiança dos republicanos no governo do que dos democratas. Se o presidente fosse um republicano e não o democrata Barack Obama os sentimentos seriam diferentes.

Depois dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, a confiança no governo ultrapassou brevemente a marca de 50 por cento, mas voltou a despencar. Uma pequena boa notícia: a confiança hoje dos americanos no governo é de 19 por cento. Já foi pior: 17 por cento em 2011.

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