Donald Trump promete discurso de união nacional em posse; será?
Discursos de posse presidencial em qualquer lugar costumam ser recheados de palavras vazias, as tais platitudes. Se fizer isso nesta sexta-feira, Donald Trump, o quadragésimo-quinto, estará na companhia de muitos antecessores. Não é fácil ser um George Washington, o primeiro, que na sua posse em 1789 interpretou a recém-adotada Constituição.
O professor Thomas DiBacco, da American University, dá uma aula sobre as regras gerais de um discurso de posse presidencial. São três partes: reconhecimento pelo novo presidente que ele está orgulhoso e/ou humilde ao assumir o cargo; algumas seleções da história americana (bons exemplos para emular e os maus para evitar) e um pronunciamento sobre a direção que será adotada pelo novo governo.
As informações são de que as inspirações de Trump serão Ronald Reagan, mais pelo estilo, e John Kennedy, pela chamado à nação para uma grande causa (colocar o homem da Lula em dez anos, e dito e feito).
Também se antecipa uma boa notícia; o discurso de Trump não passará de 20 minutos. Parece haver uma correlação inversa entre duração do discurso de posse e qualidade da presidência. Brevidade foi a história de Washington, Jefferson, Andrew Jackson, Theodore Roosevelt, Woodrow Wilson e Franklin Roosevelt.
E tivemos, é claro, a saga do mais longo discurso de posse, quase 9 mil palavras, num dia frio e chuvoso de 1841, proferido por William Henry Harrison. O prolixo e pobre coitado pegou uma gripe, que se transformou em pneumonia. Um longo discurso para um breve governo: Harrison morreu um mês mais tarde.
Donald Trump, o candidato e presidente eleito, exime-se de responsabilidade por divisões nacionais, especialmente aflitivas neste ciclo eleitoral. Sua assessoria promete que será um discurso de união nacional, de cicatrização de feridas. Será que finalmente veremos a transição de Trump? Já ouvimos este discurso antes.
Nunca se sabe: pouco depois de um solene discurso de posse, lá vem o homem com alguma tuitada sobre uma Meryl Streep da vida ou algum loser que ainda não se conformou que ele finalmente é o senhor do Universo, com direito a retrato naquela galeria iniciada com George Washington.
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