Donald Trump, um charlatão narcisista

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan Nova Iorque
  • 06/03/2017 08h23
MR01 WASHINGTON (ESTADOS UNIDOS), 24/02/2017.- El presidente estadounidense Donald Trump durante su intervención en la Conferencia anual de Acción Política Conservadora (CPAC) que se celebra estos días a las afueras de Washington, Estados Unidos hoy 24 de febrero de 2017. EFE/Olivier Douliery **POOL** EFE/Olivier Douliery Donald Trump EFE

De novo, como no falso espanto do capitão Renault no clássico filme Casablanca, estamos chocados, chocados com Donald Trump. Ele enganou muita gente com sua postura presidencial na terça-feira passada no discurso em sessão conjunta no Congresso. Parecia uma pessoal normal. No entanto, estamos de volta à normalidade do sujeito no cargo presidencial.

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Eu fico zonzo e sonado com Trump. Nunca se sabe a sandice que ele irá tuitar logo cedinho, tipo seis da manhã. Ele não nos poupa sequer no sábado, como neste último, quando tuitou furiosamente e sem evidências que fora grampeado na Trump Tower por Barack Obama na campanha eleitoral de 2016. No domingo, a Casa Branca fez o que pôde para justificar o novo rompante e pediu que o Congresso investigue as alegações do presidente

Existem as explicações normais sobre a anormalidade de Trump. Ele é um desequilibrado mental, mas não estou aqui para fazer análise psicológica e sim política. A outra explicação óbvia é que o que já é conhecido como tempestade de tuítes tem o objetivo de desviar atenção da rede de escândalos e mera incompetência do governo Trump, tudo descomunal, embora o homem tenha assumido em 20 de janeiro.

O fato político é o perigo que uma superpotência nuclear esteja nas mãos deste senhor de 70 anos, basicamente um charlatão narcisista, com sua carreira de vendedor, provocador e pródigo na autopromoção.

Nunca achei que Trump fosse uma espécie de agente de Vladimir Putin, isso é conspiração barata ao estilo das que são ventiladas pelo próprio presidente, Claro que existe algo muito misterioso, além da admiração de macho autoritário por macho autoritário na dinâmica Trump e Putin. Quem sabe, o ex-coronel da KGB tenha segredos financeiros ou pessoais sobre o ex-apresentador de reality show. Assim, chantagem ajuda a explicar esta adoração.

Mas, para Putin, o lucro já está no comportamento em si de Trump, o caótico. Suas erupções no Twitter e na TV danificam a democracia americana. Com estes tuítes denunciando o ex-presidente Obama como uma pessoa má ou doente, Trump entrou num território ainda mais sombrio e perigoso. Ele acelera sua campanha de desinformação, confirmando que o candidato das teorias conspiratórias se autopromoveu a presidente das teoristas conspiratórias.

E nesta empreitada, Trump tem uma azeitada máquina de agitação e propaganda, conduzida pelo estrategista Steve Bannon. Não vamos esquecer que amplas parcelas do eleitorado republicano acreditava nas cascatas despejadas por Trump de que Obama não nascera nos EUA.

Trump, um ser humano alheio aos conceitos de verdade e mentira, se apossou da bandeira das fake news, as notícias falsas, para minar sem cessar a imprensa tradicional. Os mentirosos são os outros, somos nós, os jornalistas.

Trump sempre será Trump, nunca um presidente normal. Steve Coll, um veterano jornalista hoje na revista The New Yorker, alerta que podemos visualizar Trump em campanha permanente de agitação e propaganda, vitaminado por comícios com seu povo, coletivas na televisão e tuítes diários, tudo isso pode evoluir para uma espécie de Mussolini Lite da era digital.

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