Era Trump se indigna com muito, mas não com Putin

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan
  • 21/03/2017 05h53
Presidente da Rússia Vladimir Putin participa de cerimônia em tumba de soldado desconhecido durante Dia dos Defensores da Pátria EFE Presidente da Rússia Vladimir Putin

Raramente, os democratas demonstraram tanta indignação sobre o império do mal, a Rússia de Vladimir Putin, e nunca os republicanos expressaram tão pouca. É a era Trump, do presidente americano que se indigna com tanta coisa, mas não com o presidente russo.

O contraste ficou claríssimo na segunda-feira no Comitê de Inteligência da Câmara dos Deputados na sabatina do diretor do FBI, James Comey, e do diretor da Agência de Segurança Nacional, almirante Michael Rogers.
A manchete foi a confirmação de que existe uma investigação em curso do FBI sobre potenciais laços da campanha eleitoral de Trump com os russos, interessados em influenciar a eleição. Em suma, trabalhar para impedir a vitória da democrata Hillary Clinton, recorrendo a hacking. Não há dúvidas de que os russos meteram o bedelho. A questão mais explosiva é se. houve conluio com a campanha Trump.
Com seu instrumento favorito de trabalho, o Twitter, Trump se antecipou aos trabalhos do comitê da Câmara e de dois funcionários do governo, Comey e Rogers, disparando com seus dedinhos: fake news, noticias falsas. Como sabemos, o falsificador se apropriou do termo. 
Comey não apenas confirmou a investigação sobre possíveis laços entre a campanha Trump e os russos, mas refutou os tuítes presidenciais de que a Trump Tower fora grampeada por ordem do ex-presidente Barack Obama. Vamos enfatizar: existe uma colisão entre a Casa Branca e a comunidade de inteligência.
Esta cascata de Trump é o que é conhecido em inglês como red herring, (arenque vermelho na tradução literal), um despiste do que é realmente importante. E felizmente, o grampeamento (fake news) não ocupou muito espaço na sabatina de segunda-feira. Não passa de pista falsa tramada por Trump para distrair as atenções. 
É verdade que os republicanos no comitê (o comando é deles, pois são maioria na Câmara) também tinham seus arenques vermelhos. Para eles, o foco das investigações deve ser vazamento de informações sobre este potencial conluio e não o potencial conluio em si.
As notícias verdadeiras envolvem a investigação sobre as possíveis conexões russas de Trump. A crise do seu governo vai defumando, ganhando sabor, como o melhor arenque vermelho.

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