A fácil coalizão em um complexo combate

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan Nova Iorque
  • 23/03/2017 09h44
EFE Estado Islâmico Bandeira

Facílimo montar uma coalizão burocrática para combater o Estado Islâmico. Qual estado organizado no mundo é a favor destes terroristas que controlam porções da Síria e Iraque, num país que eu rotulo de Siraque, além de atuarem em outras partes?

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Pois bem, Barack Obama inventou esta coalizão com 68 países e desta vez Donald Trump não se deu ao trabalho de desmontá-la e inclusive manteve o mesmo coordenador. O grupão está no meio de uma reunião de dois dias em Washington, que termina nesta quinta-feira.

Trump diz ter um plano secreto para derrotar o Estado Islâmico, mas o seu secretário de Estado (fantasma) Rex Tillerson abriu os trabalhos da cúpula na quarta-feira, basicamente sugerindo que segue em curso o plano de Obama de combater o grupo Islâmico em cinco vertentes: campanha militar, alvejar terroristas estrangeiros, financiar contra-terrorismo, estabilizar áreas libertadas do grupo e e conter sua mensagem de propaganda.

A reunião em Washington é a primeira de alto escalão desta coalizão global desde que ela foi formada em dezembro de 2014, antes dos jihadistas conquistarem tanto território no Siraque. Desde então, há boas notícias na frente de batalha em meio ao inevitável incremento de ataques terroristas no mundo que o grupo desfecha justamente para compensar suas derrotas militares.

O Estado Islâmico chegou a controlar mais de 1/3 do território iraquiano. Foi em grande parte enxotado, exceto parcialmente da estratégica cidade de Mosul. Na Síria, numa complicada dinâmica multidimensional de combatentes, o recuo do Estado Islâmico também é acelerado.

A suposta capital do Estado Islâmico, a pequena cidade de Raqqa no leste da Síria, está cercada de três lados (o quarto é o rio Eufrates). Dia menos dia, cairá, assim como a totalidade de Mosul.

Na quarta-feira, Rex Tillerson reconheceu que existem muitos desafios urgentes no Oriente Médio, mas a prioridade do governo Trump é derrotar o Estado Islâmico. Ainda não sabemos quem será melhor recompensado com os louros da vitória. Afinal, a derrota do Estado Islâmico também é vitória para o Irã e de certa forma para a velha de guerra rede Al-Qaeda, da qual o grupo jihadista é uma mutação.

E apenas para dar mais uma medida da complexidade da situação: a dependência de Washington da milícia curda para libertar Raqqa pode colocar os EUA em rota de colisão com a Turquia, país integrante da Otan, a aliança militar ocidental.

Mais do que nunca, o Oriente Médio não é para aprendizes.

Assista também ao comentário ao vivo de Blinder no Jornal da Manhã sobre o ataque ao centro de Londres que deixou quatro mortos nesta quarta (22):

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