Ferida, podre e combativa, Cristina Kirchner está de volta

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan
  • 27/06/2017 08h46
Cortesía Presidencia de Argentina/EFE Cristina Kirchner vota em seu sucessor

Ferida, podre e combativa, Cristina Kirchner está de volta. Enrolou-se na velha bandeira do nacionalismo peronista e vai concorrer ao Senado argentino em agosto.

Se eleita, de cara, a mulher-botox ganha imunidade parlamentar. Nada mais conveniente para esta musa corrupta de uma parte do peronismo. Sim, com ela, o peronismo está dividido, o que não é novidade, e não vai cicatrizar as feridas.

O plano mais a longo prazo de Cristina é retornar à Casa Rosada nas eleições presidenciais de 2019. Presidente entre 2007 e 2015 (após o governo do marido Nestor), Cristina é odiada e desprezada pela maioria dos argentinos, mas tem um núcleo duro de adoradores, na faixa de 25/30%. Sendo otimista, se as eleições presidenciais fossem hoje ela poderia alcançar uns 35% dos votos no primeiro turno. Os paralelos com Lula são escancarados.

Pouco para chegar ao poder e antes Cristina precisa sobreviver às divisões internas do peronismo e vencer estas eleições para o Senado, concorrendo na província de Buenos Aires, onde o movimento tem três vertentes.

Populista, no entanto, Cristina sempre busca as oportunidades na frustração com o governo Macri, de centro-direita, para apresentar resultados palpitantes com as suas reformas econômicas. Situação não é espetacular para Macri, eleito em dezembro de 2015, mas sua proeza é invejável. Imagine, ele mantém uma taxa de aprovação de 50%, um caso raro na América Latina.

As coisas começam a melhorar na economia argentina após o desastre da era kirchnerista, mas, como o quadro está muito longe de deslumbrante, Macri depende muito das expectativas e de um jogo complicado no Congresso, onde facções peronistas são a maioria. Já alguém como Cristina Kirchner vive da demagogia e das promessas perigosas de oferecer melhoras sociais ao preço do colapso econômico.

Ironicamente, até convém para Macri a reentrada em cena de Cristina enrolada na bandeira. Parte do seu sucesso foi se contrapor ao que ela representa. Nada como ver a cara da mulher e sua milonga para reavivar a memória.

Todo cuidado, no entanto, é pouco. No parque jurássico do populismo latino-americano, alguns bichos aparentemente em extinção teimam em ter esta sobrevida… de cara nova, cara velha ou recauchutada.

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