Hillary é complicada, Trump é um veneno

  • Por Caio Blinder
  • 25/07/2016 08h54
Michael Vadon / Wikimédia Communs  e Hillary Clinton.com Donald Trump e Hillary Clinton

 O Partido Democrata inicia nesta segunda-feira sua convenção. O convescote tem lugar em Filadélfia, na Pensilvânia, estado que, como Ohio, sede da convenção republicana na semana passada, é decisivo em uma eleição presidencial americana.

Na quinta-feira, os democratas vão coroar Hillary, que já é metida à rainha. Oh Hillary! No começo dos anos 90, a rainha já enfeitiçava a opinião pública. Donald Trump também, mas por ser o imperador dos tabloides.

Hillary é complicada. Sabemos do seu flanco escancarado: quase 70% dos americanos não acreditam que ela seja honesta e de confiança, um reflexo que mistura as mentiras na sua atuação pública com as mentiras disseminadas por seus inimigos. Na campanha de Trump existe uma onda de difamação simbolizada pelo grito de guerra “prendam Hillary”.

Repito o que escreveu Bret Stephens, um conservador da pesada, colunista do Wall Street Journal. Hillary mente. Trump é pós-moderno, alheio ao conceito de verdade.

Com Trump no cenário, as coisas ficam menos complicadas para mim. E raramente sou tão direto para expor minhas preferências eleitorais. Como diz o presidente da Câmara, o republicano Paul Ryan, para justificar seu tépido endosso ao nome do partido, a escolha é binária: Trump ou Hillary.

Ele tem toda razão. Trump é o pior candidato possível, uma ameaça à democracia com seu pendor totalitário (“só eu posso consertar”) e um perigo para a civilização ocidental com suas propostas estapafúrdias com incoerência, despreparo, ideias ignorantes que dividem a aliança transatlântica (EUA e Europa) e flerte com Vladimir Putin. Hillary é complicada, mas é qualificada para o cargo e a realidade é o que é.

Sou avesso a comparações de realidades internacionais com o Brasil, mas vou simplificar. Situações extraordinárias exigem simplificações extraordinárias. Hoje, no Brasil, existe uma escolha binária: Dilma ou Temer. O interino é dose, mas Dilma é overdose, é veneno. Temer até 2018.

Nos EUA, Trump é o veneno. Então, Hillary, no mínimo, por quatro anos. Suas venalidades estão no terreno da normalidade. Trump é além da imaginação.

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