Jacques Hamel, o mártir

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan
  • 27/07/2017 10h11 - Atualizado em 27/07/2017 11h21
SAI25 - SAINT ETIENNE DU ROUVRAY (FRANCIA), 27/07/2016. - Algunas Personas rinden tributo en un monumento improvisado al sacerdote Jacques Hamel, que murió durante una toma de rehenes ayer 26 de julio en Saint-Etienne-du-Rouvray, hoy, miércoles 27 de julio de 2016, cerca de la iglesia de Saint Etienne, (Francia). Según los informes oficiales, dos de los secuestradores yihadistas fueron muertos por la policía. EFE/IAN LANGSDON EFE Pessoas fazem tributos após o ataque que matou Jacques Hamel

Eu não sou chegado no registro de efemérides no meu ofício jornalístico. Raramente fico na marcação de datas redondas e quando o faço até prefiro destacar aquelas que não costumam ser devidamente lembradas.

Quarta-feira, 26 de julho, foi o primeiro aniversário da brutal execução do padre francês Jacques Hamel, de 85 anos, por dois terroristas islâmicos, quando terminava de celebrar a missa matinal diante de poucos fiéis na sua igreja na Normandia. O assassinato foi reivindicado pelo movimento Estado Islâmico. O padre Hamel, esfaqueado até a morte, foi degolado no altar.

O horror recebeu menos atenção no mundo, pois o pano de fundo era a rotina do terror islâmico na Europa, com a França de epicentro. Doze dias antes da execução do padre Hamel, um autoproclamado jihadista usou um caminhão alugado para matar por atropelamento 86 pessoas em Nice, durante os festejos do 14 de julho, o Dia da Bastilha.

Em um período de 30 meses, a França foi cenário de ataques terroristas a esmo e direcionados, como o tiroteio na revista Charlie Hebdo, os atentados coordenados em cafés e no teatro Bataclan em Paris, além de Nice.

Já o padre Hamel foi executado em um local que podemos definir como fora do mapa. Tudo aconteceu na pequena cidade de Saint-Êtienne-du-Rouvray, no noroeste da França em um dia de verão.

Os dois assassinos, que tinham um histórico de laços com o jihadismo (mais um pecado na conta de forças de segurança), entraram na igreja brandindo suas facas e gritando: vocês, cristãos, estão nos varrendo”. O padre foi obrigado a ficar de joelhos e apunhalado 18 vezes. Os dois terroristas foram mortos pela polícia.

O terror pode matar qualquer um de nós, mas foi a primeira vez em que jihadistas do Estado Islâmico atacaram uma igreja na Europa. O editor de religião do jornal Le Figaro relata que a França, conhecida como a filha mais velha da Igreja católica, nasceu há mais de 1.500 anos e sua história é inseparável do cristianismo. E, embora o país seja notável pelo espírito laico e republicano, as raízes ainda são profundamente católicas.

O objetivo estratégico daquela brutal execução há um ano era gerar um conflito religioso no país com o maior número de muçulmanos na Europa. Fracasso na meta e a França disse não de forma retumbante a Marine Le Pen nas eleições presidenciais deste ano.

Um voluntário na igreja de Hamel, um senhor de 72 anos, disse ao Figaro, que existe muita desconfiança religiosa no país, mas prevalece um espírito de reaproximação entre muçulmanos e cristãos.

E o reitor da Grande Mesquita de Paris disse ao jornal católico La Croix que nada justifica a execução do padre Hamel.

O combate ao extremismo islâmico depende também destes gestos nas pequenas e grandes cidades francesas, em qualquer lugar do mundo.

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