Macron desponta como favorito na França

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan Nova Iorque
  • 02/03/2017 09h48
EFE/Ian Langsdon e Christophe Petit Tesson Marine Le Pen e Emmanuel Macron devem ir para o segundo turno

Para os padrões brasileiros, é um petite escândalo, mas o grande estrago na candidatura de François Fillon na eleição francesa é fatal. Na quarta-feira, havia a especulação de que o ex-primeiro-ministro conservador iria abandonar a corrida, mas ele diz que fica. Será?

Assim como Marine Le Pen, a rival de extrema-direita, Fillon vai à carga contra os juízes, por estar sendo investigado por uso indevido de fundos públicos (no seu caso, a alegação é ter dado emprego-fantasma à sua mulher).

Os escândalos envolvendo Le Pen são mais graves, como as acusações de financiamento ilegal de suas campanhas eleitorais desde 2011, justamente ela que é incansável para denunciar a “delinquência” e que promete tolerância zero se assumir o poder (desde que não seja investigada).

No entanto, a candidata da Frente Nacional sobrevive. A única dúvida é se será a primeira colocada no primeiro turno em 23 de abril, em meio ao avanço do independente de centro-esquerda Emmanuel Macron, que surpreende por sua arrancada pela terceira via. As pesquisas hoje mostram uma vitória tranquila de Macron sobre Le Pen no segundo turno em 7 de maio.

Ah, os números, as pesquisas. Muitos vão lembrar o fiasco no Brexit e na eleição de Trump no ano passado. No entanto, não houve o propalado fiasco em nenhum dos casos. No referendo que culminou na decisão de saída britânica da União Europeia, as pesquisas mostravam sufoco e nos EUA Hillary Clinton venceu no voto popular e os ventos poderiam ter ido para o outro lado no Colégio Eleitoral por uma questão de 100 mil votos.

De volta ao presente: é verdade que as pesquisas mostram que o eleitor de Marine Le Pen é mais convicto do que o de Macron. A prova está na sua imunidade aos escândalos, algo que faz lembrar Donald Trump, autor da frase infame de que não perderia votos mesmo se matasse alguém na Quinta Avenida. Ademais, Macron se beneficiou bastante até agora do fator novidade, o que gera entusiasmo.

Ressalvas feitas, a terceira via de Macron se revela um caminho promissor, comprovando que o centro reage ao avanço populista. O cenário altamente provável na França é a repetição de 2002 quando o pai de Marine, Jean-Marie Le Pen, foi derrotado de forma fragorosa (64 pontos) no segundo turno pelo conservador Jacques Chirac, graça ao voto “tapa-nariz” da esquerda.

Desta vez, será uma derrota menos fragorosa para a herdeira da marca Le Pen, com setores conservadores tapando o nariz no voto em Macron. Mas, como observa a revista The Economist, uma reversão das expectativas será um choque ainda maior do que os votos para o Brexit e Trump.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.