Não basta esperar que o regime chavista acabe de podre

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan
  • 24/10/2016 06h07
EFE/PRENSA MIRAFLORES Presidente da Venezuela Nicolás Maduro - EFE

Nós conhecemos todos os trocadilhos infames sobre a infame ditadura chavista hoje desgovernada por Nicolás Maduro. Esperamos que ela caia de podre. Afinal, o que mais esperar após o flagrante do mês passado de recém-nascidos dormindo em caixas de papelão na maternidade? A foto simboliza o colapso de um país.

No entanto, não basta esperar que o regime chavista acabe de podre. Algo precisa frutificar e vamos ser sinceros. Neste momento, não existe um plano concreto, não existe esperança.

Sobra o apoio moral à mobilização da oposição sufocada pelo regime. Milhares de pessoas marcharam no sábado em Caracas, capitaneadas por mulheres de presos políticos e a frente ampla de oposição, a Mesa de Unidade Democrática, conclamou seus seguidores a tomar as ruas da Venezuela até que haja a restituição da democracia. Uma nova fase de protestos deve começar na próxima quarta-feira com o nome de “Tomada da Venezuela”.

Isto depois da nova venalidade da ditadura. O aparelhado Tribunal Superior Eleitoral do país suspendeu o referendo revogatório contra o presidente Maduro em um ato final da campanha para que não fosse levado a cabo o projeto que é uma solução razoável, pacífica e constitucional para a crise.

Com o voto livre, o chavismo levaria uma lavada, mas o seu projeto é fortalecer um modelo centralizador, de clara vocação autoritária e inimigo da alternância de poder. Sim, esta é a Venezuela chavista: do colapso econômico, político e moral. Basta ver o que ocorreu no domingo: uma turba de centenas de chavistas invadiu o Parlamento de maioria oposicionista enquanto ocorria um debate sobre o plebiscito revogatório.

No exterior, também cresce o isolamento chavista. Felizmente, com o fim do poder lulopetista no Palácio do Planalto, o regime de Caracas tem basicamente o apoio dos hermanitos bolivarianos no hemisfério.

O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, Luís Almagro, deu por encerrada a mediação internacional comandada pelo ex-primeiro-ministro espanhol José Luis Zapatero.

Esta mediação, na verdade, serviu para Maduro enrolar a comunidade internacional, pois enquanto seus representantes conversavam, ele manobrava para que o referendo revogatório não fosse realizado.

Será cada vez mais difícil encontrar uma saída pacífica para a crise na Venezuela. Num clima de crescente temor e incerteza, eu sei que mais recém-nascidos dormirão em caixas de papelão nas maternidades e mais gente morrerá nas ruas nos confrontos entre opositores e chavistas.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.