No ano em que Brasil queria ascender turisticamente, olhos se voltam ao zika

  • Por Jovem Pan - Nova Iorque
  • 04/02/2016 10h17
Paraná promove mobilização contra o mosquito da dengue nesta quarta-feira, 09/12. Curitiba, 08/12/2015 Foto: Venilton Kuchler / ANPr Venilton Kuchler/ANPr Dengue

Esta semana, a Organização Mundial de Saúde declarou o zika vírus uma emergência, mas sabemos que vencê-lo deve ser uma maratona e para um brasileiro como eu no exterior é sempre triste ver como o governo brasileiro chega com atraso para esta corrida urgente.

Aliás, impressiona como o mundo está atento ao estado vulnerável do Brasil e também à operação de relações públicas do governo Dilma para que os Jogos Olímpicos escapem relativamente imunes do vírus.

Bem ilustrativa uma reportagem de destaque do sempre influente The Wall Street Journal, enfatizando que o status do Brasil no epicentro do novo desafio global de saúde aumenta os temores de que os turistas desistam de dar as caras nos Jogos Olímpicos no Rio em agosto. Com o zika vírus fica ainda mais manchada a imagem do Brasil como um destino turístico preferencial.

As preocupações com o Brasil se avolumaram nas últimas semanas e eu pessoalmente tomo noto da atenção dada ao clima de inquietação no Brasil. Até as redes abertas de televisão dos Estados Unidos, que simplesmente ignoram o Brasil, enviaram repórteres para noticiar a situação no Recife, em particular a aflição de mulheres grávidas. Nos últimos dias, inclusive, a cidade esteve na capa tanto do Wall Street Journal como do New York Times.

Estas notícias, como lembra o Wall Street Journal, não poderiam ter surgido em um pior momento para o Brasil. Afinal, o governo gastou bilhões de dólares nos últimos cinco anos se preparando para ser o anfitrião dos Jogos Olímpicos e para melhorar seu ranking turístico. Com a quinta população no mundo, o Brasil está apenas na quadragésima-segunda posição como pólo de turistas estrangeiros.

A Embratur insiste que a meta está mantida e que o Brasil receberá 400 mil turistas estrangeiros em agosto, tudo isto em meio ao bombardeio de perguntas sobre o vírus e o vaívem das chamadas autoridades competentes como o ministro da Saúde, Marcelo Castro, se a situação está sob controle.

Mas o Brasil ainda é o país do carnaval e nem o Wall Street Journal resiste aos clichês e ao bom humor. A foto que ilustra a sóbria reportagem da sabotagem do mosquito contra os Jogos Olímpicos mostra uma foliona na praia de Ipanema, esbanjando sorriso ao lado de um cartaz com a frase: Xô, Zica!

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