O agosto do furacão Donald

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan
  • 31/08/2017 10h40 - Atualizado em 31/08/2017 11h50
TR05 WASHINGTON (ESTADOS UNIDOS) 27/02/2017.- El presidente estadounidense, Donald Trump (c), asiste a la reunión de la Asociación Nacional de Gobernadores en la Casa Blanca, Washington, Estados Unidos, hoy, 27 de febrero de 2017. Trump ha anticipado hoy la solicitud de un incremento "histórico" en el gasto en Defensa que el Gobierno ha cifrado en unos 54.000 millones de dólares, y que su presupuesto para el año fiscal 2018, que entregará al Congreso en marzo, estará centrado en la "seguridad" de EE.UU y una "gran reducción" en el gasto en ayuda a terceros países. EFE/Aude Guerrucci **POOL** EFE/Aude Guerrucci Vamos seguir acompanhando a passagem do furacão Donald, sem categoria, porém devastador, diz Blinder

Agosto é maldito nos EUA, de passagem de furacões. Neste 2017, o Texas e Louisiana abriram passagem para o Harvey. E como foi a passagem do furacão Donald em agosto?

Claro que sou suspeito para avaliar, pois considero Donald Trump simplesmente alguém sem categoria, para ficar na classificação dos furacões, mas vamos lá num esforço analítico e de prever o que vem pela frente depois de um agosto tão turbulento para o presidente.

Donald visitou Harvey na terça-feira. As expectativas eram tão baixas que bastava ele não gerar alguma tempestade política para que a missão fosse definida como cumprida. Houve alguns escorregões, tipo ensaiar comício eleitoral no Texas, mas para os padrões dele até que tudo foi tranquilo, de poucas controvérsias.

Mas, vamos analisar agosto como um todo. Uma maneira simples para avaliar é estimar perdas e danos. Trump arruinou agosto e talvez sua presidência com as brigas e causas que comprou, a mais escandalosa foi a ambiguidade moral ao dizer que havia muitos lados na confusão na cidade de Charlottesville na marcha neonazista.

O presidente foi à carga contra os líderes do seu próprio partido, o Republicano, e simplesmente linchou a imprensa em um comício alucinado estilo Mussolini na cidade de Phoenix. E sem maiores pruridos perdoou justamente o ex-xerife racista de Phoenix, Joe Arpaio, o primeiro perdão presidencial no seu mandato.

E enquanto isso, deixando Trump apoplético, em agosto se estenderam os tentáculos das várias investigações (no Congresso e pelo promotor especial Robert Mueller) sobre o possível conluio de sua campanha eleitoral com os russos e os desdobramentos que podem se configurar como obstrução de justiça.

O agosto maldito, portanto, é o começo do fim de Trump? Claro que não. Afinal, tantos obituários políticos foram escritos sobre ele desde que desceu pela escada rolante na Trump Tower, em maio de 2015, para anunciar sua candidatura presidencial.

Uma maneira de ver Trump é como um sujeito doidão, leviano e movido por seu narcisismo. Sem descontar estes atributos, é possível também ver método na loucura e concluir que ele escolhe suas brigas e alvos de forma deliberada.

Os principais alvos são muito impopulares: liderança republicana e imprensa. E as causas como vitimismo branco, imigração e construção do muro mobilizam, não apenas o núcleo duro de sua base, mas um setor da sociedade que considera Trump um horror de pessoa, mas tem alguma afinação com sua agenda.

Vamos seguir acompanhando a passagem do furacão Donald, sem categoria, porém devastador.

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