Os 100 dias de governo Donald Trump
Neste sábado, Donald Trump atinge a marca de 100 dias de governo. O presidente, inconsistente como de hábito, desvaloriza o simbolismo e ao mesmo tempo promove de forma frenética suas proezas em 100 dias de governo, que por sinal não incluem nenhuma legislação de peso.
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Pelo contrário, houve o fiasco da rejeição e substituição do Obamacare, o plano de saúde do governo anterior, uma grande promessa eleitoral dos republicanos. Agora é o esforço alucinado para amarrar um novo pacote, qualquer pacote, de reforma da saúde.
Eleitores republicanos não se mostram muito decepcionados com o descumprimento de promessas. Preferem dar medalha de honra ao mérito ao presidente e culpar o Congresso de maioria republicana pela paralisia.
Trump disparou muitos tuítes e algumas dezenas de mísseis contra a ditadura síria de Bashar Assad. Em política externa, deu algumas cambalhotas nas promessas de lavar as mãos diante das aflições globais, mostrando não ser fácil para o império americano apertar o botão do dane-se o mundo. A Coreia do Norte, conforme alertou Obama a Trump, se revela o desafio mais excruciante para a nova administração.
Trump se mostra mais consistente para revogar regulamentações da era Obama, especialmente aquelas associadas ao meio-ambiente. Sua postura populista não incomoda Wall Street. Pelo contrário, existe exuberância irracional diante da promessa de corte de impostos, mesmo se isto levar ao aprofundamento do rombo fiscal.
O equilíbrio de poderes nos EUA pode ser exasperante por contribuir para a paralisia decisória, mas é saudável para impedir os excessos do Executivo. E Trump, metido a caudilho, sente isso com os freios colocados pelo Judiciário para suas medidas executivas contra imigrantes ilegais. Ademais, mesmo no Congresso de maioria republicana, existe relutância para soltar a grana para a construção do muro na fronteira mexicana, a grande obsessão do magnata imobiliário agora na Casa Branca.
A grande vitória de Trump nestes primeiros 100 dias está justamente no jogo entre os três poderes. Ele emplacou Neil Gorsuch na Corte Suprema, mas é um feito que seria conquistado por qualquer republicano na Casa Branca. Aliás, uma parcela significativa do eleitorado republicano tapou o nariz e votou em Trump pois sua prioridade era um presidente que garantisse uma maioria conservadora na Corte Suprema.
Na marca dos 100 dias, Trump basicamente está onde sempre esteve. A base republicana continua fechada com ele e o presidente é incapaz de ampliar o raio de apoio popular. Eu pessoalmente ainda me impressiono como Donald Trump tem o respaldo de uns 40% dos americanos. É uma vexaminosa taxa de aprovação para os padrões locais, mas que deixa um Michel Temer da vida morrendo de inveja.
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