Trump e a expectativa do 1º discurso em sessão conjunta no Congresso

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan
  • 28/02/2017 06h08
TRU37 WASHINGTON (ESTADOS UNIDOS) 21/02/ 2017.- El presidente de los Estados Unidos, Donald J. Trump, habla para los medios tras finalizar su visita al Museo de Historia y Cultura Afroamericana, en Washington (Estados Unidos), hoy, 21 de febrero de 2017. EFE/Kevin Dietsch **Pool** EFE/Kevin Dietsch EFE - Donald Trump

Nesta noite de terça-feira, Donald Trump fará seu primeiro discurso em sessão conjunta no Congresso. Será outra oportunidade para ele finalmente posar de presidenciável e não de candidato permanente com uma intensa conexão com a base e uma relação desaforada com o resto do país e o mundo.

Ali no Congresso de maioria republicana, a situação está sob controle. Os republicanos decidiram ser seletivos. Acolhem com satisfação algumas propostas de Trump, como baixar impostos e cortar regulamentações, e se fazem de mortos diante de barbaridades como o duelo de Trump com a imprensa, por ele qualificada de inimiga de povo. Para os republicanos, é a agenda, estúpido! Sobre a estupidez de Trump, deixa para lá.
Trump quer conferir um senso de urgência ao seu governo como se a casa e mundo estivessem caindo. Deve assumir o crédito de forma hipérbolica por coisas que aconteceram nestas primeiras semanas de governo, negando que tenha herdado uma economia saudável, embora não exuberante, de Barack Obama. Não existe uma herança maldita.
Este deverá ser o segundo grande discurso do presidente Trump. O primeiro foi o da posse, marcado por um tom sombrio, retratando uma distopia nacional e global. Assessores antecipam que desta vez o tom será otimista, mas nunca se sabe qual surpresa Trump nos reserva. E o que se antecipa também é a proposta orçamentária da Casa Branca para grandes aumentos dos gastos militares, em detrimento de gastos em agências como a de proteção do meio ambiente.
O bom senso recomenda um discurso mais de união nacional, sem a virulência habitual. Afinal, a taxa de aprovação de Trump está na faixa dos 40%, historicamente baixa para um presidente em começo de mandato e as divisões continuam flagrantes, com apoio praticamente incondicional dos eleitores republicanos e o repúdio praticamente automático dos democratas. O trunfo de Trump é que ele ainda tem margem de manobra junto ao eleitorado menos partidário, com expectativas de mudanças em Washington.

Trump posa com um homem de ação, da escola prendo e arrebento. No entanto, as oportunidades para o anúncio com alarde de decretos presidenciais se esgotam. Doravante serão necessárias leis aprovadas pelo Congresso e votos de pelo menos alguns democratas precisam ser colhidos. 
A aposta dos democratas, inclinados ao repeteco republicano na era Obama como um partido obstrucionista, é de desgaste de Trump e da agenda governista diante da realidade dos riscos de desmonte do programa de saúde, o Obamacare, e da implementação do truculento nacionalismo populista. 
Sabemos, porém, que fatos alternativos também vencem.

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