Um curso intensivo sobre o Estado Islâmico

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan
  • 28/08/2014 19h28

Boa parte da opinião pública mundial acabou de descobrir o labirinto de horrores que é o norte do Iraque devido à blitz da barbárie jihadista do Estado Islâmico, com suas crucificações, decapitações e genocídio de quem não segue sua patologia. O que é isso? A nova Al-Qaeda? O novo Talibã? Sem dúvida é o superterror que faz Hezbollah e Hamas parecerem grupos de escoteiros. A coisa mais similar nos dias de hoje talvez seja o grupo Boko Haram, que atua na Nigéria.

Existem componentes do Al-Qaeda e Talibã no Estado Islâmico. A linguagem jihadista é familiar, assim como as táticas do terror suicida e dos vídeos divulgados online. No entanto, tudo ainda é mais terrível, exigindo que ampliemos o campo da militância islâmica. Bobby Gosh, um veterano jornalista hoje no site Quartz, define o Estado Islâmico como uma mescla de Al-Qaeda, Khmer Vermelho e nazismo.

De fato, hoje liderado pelo autonomeado “califa” Abu Bakr al-Baghdadi, o Estado Islâmico é filhote da Al-Qaeda. Seu fundador, Abu Musab al-Zarqawi, aprendeu o ofício combatendo os soviéticos no Afeganistão nos anos 80, num estágio na época patrocionado pelos americanos e seus aliados sauditas. Zarqawi investiu na sua operação terrorista no Iraque após a invasão de 2003 e jurou fidelidade a Osama Bin Laden (o militante jordaniano foi morto pelos americanos em 2006).

No entanto, o terror da Al-Qaeda na Mesopotâmia (o nome original da facção) era mais direcionado contra outros muçulmanos infiéis do que contra as tropas americanos e aliadas. A fúria alvejava em particular os xiitas, mas sunitas que não professavam sua interpretação do islamismo tampouco eram poupados.

Na sua nova mutação, o Estado Islâmico passou a alvejar cristãos e outros minorias na Síria e no Iraque. Por sua brutal eficiência, é possível a analogia com o Khmer Vermelho que barbarizou no Camboja nos anos 70, com um saldo de dois milhões de mortos. Os seguidores de Al-Baghdadi demonstram disciplina e fanatismo, recorrendo às táticas de intimidação e punição pública que Pol Pot usava no Camboja. Há vídeos “educacionais” do Estado Islâmico em que cristãos se submetem e se convertem ao islamismo. Mesmo assim, são executados.

Bobby Gosh vai além. Diz que no apetite por genocídio, o Estado Islâmico também se inspira em Adolf Hitler, por selecionar para extermínio categorias inteiras de seres humanos.

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