A Venezuela na encruzilhada, no caos…

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan
  • 29/07/2017 12h52

Nicolás Maduro discursa em protesto a favor de seu governo em Caracas

EFE/Cristian Hernández O lance de Maduro de convocar esta eleição, boicotada pela oposição, foi um fator decisivo para justamente dar ainda mais vigor à mobilização da oposição

Este domingo não será um dia iluminado, será um dia sombrio na Venezuela, data do empenho do incompetente caudilho Nicolás Maduro para consolidar sua ditadura com a eleição destinada a estabelecer uma assembleia constituinte.

O papel deste simulacro é esmagar o que sobrou de poder independente na Venezuela, a Assembleia Nacional, controlada pela oposição e já bastante atrofiada pelo regime chavista. O lance de Maduro de convocar esta eleição, boicotada pela oposição, foi um fator decisivo para justamente dar ainda mais vigor à mobilização da oposição.

Seu exercício eleitoral duas semanas atrás, um referendo sobre esta pseudo constituinte, foi um sucesso acima das expectativas. O drama para a oposição é o que fazer agora. Os maciços e incessantes protestos, além da condenação internacional, foram insuficientes para Maduro desistir desta farsa dominical, cujo objetivo é o rumo à ditadura sem nenhuma máscara e em última instância ao abismo.

Maduro é o ditador no bunker. Não tem como recuar, não pode expressar fraqueza. Ele não oferece nenhuma alternativa à oposição a não ser radicalizar. O risco óbvio é uma escalada de violência ou mesmo uma guerra civil assimétrica em que setores da oposição lancem algum tipo de luta armada contra o chavismo.

Até agora as Forças Armadas não desertaram o regime, embora não tenham partido para quebrar de forma bárbara contra a oposição, provocando um banho de sangue em grande escala. No entanto, os cenários mais dramáticos podem ser montados depois desta pantomina eleitoral de domingo.

Na frente externa, muita atenção em Washington para ver se o governo Trump irá além de sanções simbólicas, como penalizar autoridades e ex-autoridades do regime, ou seja, realmente tocar na ferida e adotar alguma medida frontal contra a indústria petrolífera da Venezuela.

Julho foi um mês especialmente dramático na Venezuela. Agosto será mais ainda. Este comentarista está saindo de férias até 21 de agosto, mas crises internacionais na Washington de Donald Trump, na Jerusalém em ebulição ou na Caracas na encruzilhada não devem dar descanso.

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