Veredito fácil: momento de satisfação para muitos conservadores

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan
  • 04/02/2017 09h02
EFE Neil Gorsuch - efe

Ao anunciar na terça-feira que seu indicado para a Corte Suprema americana era Neil Gorsuch, Donald Trump observou no seu habitual hiperbolês que o juiz poderia ficar na bancada por 50 anos. Mais plausível estimar algumas décadas, o que é um tempão, para este juiz de 49 anos, de impecáveis credenciais conservadoras, mas não alucinadas, e sobre o qual há um consenso de que se trata de alguém altamente preparado. Gorsuch é o mais jovem indicado para o Supremo americano em mais de 25 anos.

Gorsuch, assim que confirmado (e isto vai depender do fôlego obstrucionista da minoria democrata no Senad0) pegará a vaga de Antonin Scalia, um gigante conservador no Supremo, falecido no ano passado. Os republicanos não deram a mínima chance para o ex-presidente Obama emplacar seu nome, esperando a eleição.

A jogada republicana não apenas surtiu efeito, pois Trump é o presidente, mas premiou os eleitores que fizeram o pacto com diabo (no caso, o novo presidente), especialmente cristãos conservadores. São 9 juízes no Supremo e ao preencher a vaga de Scalia, Gorsuch recoloca a balança a favor dos conservadores (5 a 4). Mais do que isso, trata-se do mórbido cálculo geriátrico.

O cargo é vitalício e três juízes estão na faixa dos 80 anos. Dois são liberais de carteirinha (Ruth Ginsburg e Stephen Bryer). O terceiro é o oscilante Anthony Kennedy, que agora poderá se sentir à vontade com a escolha de Trump. Caso o presidente tivesse escolhido um lunático, Kennedy vacilaria para pensar na aposentadoria. A perspectiva, portanto, é de uma hegemonia conservadora por um bom tempo na Corte Suprema.

Lembrando o óbvio novamente, o voto tem consequências. Gente mais liberal que não compareceu às urnas em novembro ou aqueles que não engoliram Hillary Clinton, agora vão pagar o preço. Já uma massa de conservadores cristãos, mesmo aqueles que sentem repulsa por Trump, taparam o nariz, levando em conta o fator Corte Suprema.

Pesquisas de boca urna mostraram que para 1 em 5 eleitores, o fator Corte Suprema foi o mais importante para decidir o voto. E Gorsuch correspondente às expectativas, com seu histórico de decisões a favor de direitos religiosos diante do Estado.

Veredito fácil: momento de satisfação para muitos conservadores, mas agora podem voltar a tapar o nariz com o fedor na Casa Branca, embora Trump prometa trabalhar por crescentes rachaduras no muro sagrado americano que separa Estado e Igreja.

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