Ciro Gomes pode ser tudo, menos burro

  • Por Carlos Andreazza/Jovem Pan
  • 10/05/2017 08h46
Brasilia -O deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) fala aimprensa apos almoço reservado a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff Roosewelt Pinheiro/ABr - 29/07/2010 Ciro Gomes - ABR

O ouvinte pode pensar o que quiser sobre Ciro Gomes. Eu mesmo o tenho em baixíssima conta. Mas burro ele não é. Ao contrário: é dos melhores leitores de cenário político que há no Brasil e entendeu perfeitamente o que está em curso, hoje, neste país, sobretudo em relação a Lula.

Quando diz – como disse na segunda, no Rio – que Lula é, em parte, um perseguido político, Ciro mostra suas cartas. Todo seu jogo está contido nessa sentença.

A parte em que Lula é perseguido cultiva vínculo com o petista e garante espaço para si caso o ex-presidente consiga ser candidato a presidente, situação em que será competitivo, com alguma chance de vencer – projeção em que Ciro poderia ser ministro. Ele não torce para que esse caminho vingue, mas mantém a trilha aberta.

A parte em que Lula não é perseguido, aquela em que o ex-presidente estará condenado em segunda instância e impedido de concorrer à Presidência, é onde Ciro Gomes deposita o maior volume de fichas. Nessa conjuntura, ele se apresentaria – independentemente de ter o apoio do PT, partido que inexiste sem Lula – como plano B, o único viável, da esquerda e contaria com o voto pragmático dos órfãos lulistas.

Nessa mesma ocasião, Ciro fez o discurso dos sonhos das empreiteiras desmontadas pela Lava-Jato e falou que os acordos de leniência são urgentes porque já é hora de – atenção – restaurar a engenharia nacional. Segundo ele, Lula não tem condições de comandar essa retomada. E quem o ouvinte acha que Ciro, modesto, considera o cara para liderar essa volta por cima?

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