Indústria mostra retração maior que a prevista em 2014

  • Por Denise Campos de Toledo/ Jovem Pan
  • 03/02/2015 16h32
03/05/2004 angra dos reis rj estaleiro bras fels . verolme foto antonio pinheiro GERJ Indústria

A produção industrial caiu 3,2% no ano passado, de acordo com levantamento do IBGE. Na comparação dezembro contra dezembro, o recuo foi de 2,7%, sendo que dezembro de 2014 teve um dia útil a mais. A queda superou as expectativas. Aliás, tem sido impressionante a divulgação de dados e indicadores do ano passado piores do que as previsões mais pessimistas, como aconteceu também com a balança comercial, as contas externas e as contas públicas, que foram um verdadeiro desastre.

No caso da indústria, cabe salientar os efeitos colaterais dessa queda da produção. A indústria reduz os investimentos, encolhe, corta empregos – é o setor que mais tem demitido – e acaba por contribuir para uma desaceleração geral da atividade econômica, além das implicações sobre o comércio exterior. É certo que o Custo Brasil envolve muitos problemas decorrentes da má gestão a economia. Tem a carga tributária elevada, a precariedade da infraestrutura e de serviços, os problemas de logística, o dólar ainda baixo, a burocracia. Mas, se a indústria não investe, a melhoria da competitividade fica ainda mais difícil. Só que sem perspectivas de melhoria da demanda, do ambiente econômico, a indústria não vai investir mesmo. A não ser alguns segmentos e empresas que já têm maior espaço no mercado interno ou externo.

A balança comercial registrou no ano passado um déficit de US$ 3,9 bilhões, o pior desde 98, e já começou 2015 no vermelho, com saldo negativo de quase US$ de 3,2 bilhões em janeiro. Isso reflete, em boa parte, a redução da presença da indústria na pauta exportadora do País, consequência da perda de competitividade, por todos os fatores que citei, e de um trabalho muito deficiente do governo na expansão dos negócios externos. Há, inclusive, um problema ideológico nesse sentido, com maior intercâmbio com economias mais fracas, como Argentina, sem acordos mais amplos, que possam, de fato, fortalecer o potencial de aumento das exportações.

Com a perspectivas de aumento de custos e enfraquecimento da demanda interna, além da desaceleração de investimentos do governo e, possivelmente, também do setor privado, não dá pra contar com uma reação maior da indústria este ano, assim como da balança comercial. Balança agora também comprometida pela queda dos preços de commodities, como o minério, o petróleo e até produtos agrícolas. Mesmo que os volumes permaneçam elevados, o retorno financeiros das exportações estão em queda.

Essas são mais algumas das fragilidades da nossa economia, que têm contribuído para a previsão de um crescimento muito fraco este ano ou, até mesmo, retração.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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